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Fim do século XIX no Brasil
Cenário histórico
Em 1888, finalmente a escravidão foi abolida no Bra-
sil. A mudança, porém, não
foi acompanhada de nenhuma
política destinada a facilitar a inserção da população negra
na sociedade.
Com a proclamação da República, em 1889, e a cres-
cente influência do pensamento positivista (Capítulo 15),
tornava-se necessário um projeto de modernização
para o país que refletisse as palavras ‘ordem e progres-
so’, introduzidas na nova bandeira. Enquanto isso, a na-
ção continuava sendo agroexportadora e dependente da
importação de produtos industrializados. Alguns passos
de modernização, no entanto, se evidenciavam na im-
plantação de uma rede ferroviária e na reurbanização de
cidades.
A modernização das cidades
Com o regime republicano, tornou-se prioritá-
ria a imagem da então
capital do Brasil, Rio de
Janeiro. O prefeito Pereira Passos, que estu da ra
engenharia em Paris e presenciara a trans
for-
mação da capital francesa sob as reformas de
Haussmann (Capítulo 15), esteve à frente do pro-
jeto que transformou o centro carioca.
As novidades incluíam a modernização do
porto, a criação de avenidas arejadas e obras de
saneamento, abastecimento de água e iluminação
pública. O destaque da reforma era a abertura da
Avenida Central, ligando o porto a uma praça que
recebeu edifícios públicos monumentais, como o
Teatro
Municipal, a Biblioteca Nacional e o novo
edifício da Escola Nacional de Belas-Artes. Para
a construção da avenida Rio Branco, no entanto,
demoliram-se centenas de prédios residenciais
antigos e a população mais pobre foi removida
para áreas periféricas ou acabou ocupando de
forma improvisada os morros da cidade.
Francisco Oliveira Passos e Albert
Guilbert, Teatro Municipal do Rio de
Janeiro, 1905-1909. Foto de 2010.
Assim como a Ópera de Paris
no projeto de Haussmann, o
Teatro
Municipal do Rio de Ja-
neiro ganhou grande destaque
na reurbanização da cidade. O
projeto mesclava elementos
clássicos com a profusão de-
corativa do barroco.
Ismar Ingber/P
ulsar Imagens
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| CApÍtulo 16 | ImpressIonIsmo |
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A influência impressionista
Com o prêmio de viagem concedido pela Aca-
demia Nacional de Belas-Artes, vários artistas
brasileiros no final do século XIX puderam aper-
feiçoar-se em Paris, onde entraram em contato
não só com a produção
francesa apresentada nos
salões acadêmicos, mas também com a pintura
impressionista. Aos poucos, o interesse por re-
presentar a atmosfera luminosa e retratar temas
simples do cotidiano foi sendo incorporado à
obra de alguns pintores brasileiros.
Eliseu Visconti (1866-1944) recebeu o prêmio
de viagem ao exterior. De volta ao Brasil, já no iní-
cio do século XX, adotou tardiamente a
forma de pintar e os temas dos impres-
sionistas: paisagens, cenas do cotidiano
e retratos.
Visconti foi encarregado de
fazer a decoração do Teatro Municipal
do Rio de Janeiro.
Embora pertencendo a ou tra gera-
ção, Arthur Timótheo da Costa (1882-
-1922) talvez tenha sido o artista bra-
sileiro que traba
lhou mais próximo
aos fundamentos impressionistas. Ti-
mótheo da Costa, de origem popular,
traba lhou na Casa da Moeda antes de
ingressar na Escola Nacional de Belas
Artes do Rio de Janeiro e conquistou o
prêmio de viagem ao exterior ali con-
cedido.
Arthur Timótheo da Costa. Sem título. Óleo
sobre tela,
não datado.
Na Europa, a pintura de Timótheo da Costa foi
aos poucos se transformando: os volumes pro-
gressivamente deixaram de ser estruturados
pela linha e passaram a ser modelados pela
pincelada de cor. No entanto, apenas em suas
últimas paisagens, já na segunda década do sé-
culo XX, o artista realmente dissolve a forma,
valendo-se da cor e da luz.
R
eprodução/Acerv
o da editora
R
eprodução/P
rojeto Eliseu
V
isconti,
Rio de J
aneiro
Eliseu Visconti,
A dança das horas, painel no teto
do Teatro Municipal do Rio de Janeiro, 1908.
No teto da plateia do Teatro Municipal do
Rio de Janeiro, Visconti pintou
A dança
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