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Arte e burguesia
Ao longo do século XIX,
diminuiu a influência da Igre-
ja e também dos governos
imperiais sobre a produção
artística. Os patronos das ar-
tes passaram a ser a burgue-
sia capitalista e as academias
(estabelecimentos
de ensino
superior de ciência ou arte),
mantidas pelos governos.
Nos salões de arte, os artis-
tas mostravam seu trabalho,
podendo conquistar prêmios,
atrair compradores e receber
novas encomendas. A crítica
de arte, propagada por jornais
e revistas, adquiriu o poder
de construir ou destruir a re-
putação
de atores, pintores e
escritores. O artista passou a
ser visto como um gênio e as
artes, reverenciadas como ali-
mento para o espírito.
A França consolidou sua
posição como referência esté-
tica para o mundo. De 1852 a 1879, bairros da Paris medieval, com
suas ruelas tortuosas, foram demolidos para a implantação de um tra-
çado urbano moderno projetado pelo barão Haussmann (1809-1891),
prefeito responsável pela reforma da cidade.
O teatro da Ópera
de Paris, projetado pelo
arquiteto francês Charles Garnier (1825-
-1898), fotografado em 1899.
O edifício central da cidade remode-
lada por Haussmann era o novo tea-
tro da Ópera de Paris, inaugurado em
1875. Ornamentado com esculturas,
o prédio combina características bar-
rocas e renascentistas, bem ao gosto
da
nova burguesia, enriquecida gra-
ças à Revolução Industrial.
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iollet/Glow
Images
Heritage Imagestate/Glow Images
Vista aérea do Arco do Triunfo, no centro da Praça Charles-de-Gaulle, originalmente
Place de l’Étoile (Praça da Estrela) de onde partem doze grandes avenidas. Foto de 1958.
Com a urgência de controlar as manifestações populares que se valiam do traçado labi-
ríntico da cidade antiga (de difícil acesso para as tropas policiais) e também para resol-
ver os problemas de insalubridade e circulação na cidade, o plano de Haussmann implan-
tou na capital francesa avenidas retilíneas,
largas e arborizadas, chamadas bulevares.
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| CApÍtulo 15 | ReAlismo e fotogRAfiA |
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A ópera é um gênero artístico
que surgiu de um grupo de estu-
dos sobre a cultura da antiga Gré-
cia –
La Camerata Fiorentina –,
formado por artistas e estudiosos
na cidade de Florença, Itália, du-
rante o Renascimento. O gênero
é fruto da ambição de unir drama
e música num mesmo espetácu-
lo. A mais antiga peça de ópera
a sobreviver até nossos dias é
Eurídice
, do compositor e cantor
italiano Jacopo Peri (1561-1633),
um drama que se desenrola entre
personagens da mitologia grega.
Na ópera, a música e o texto
dramático
podem ser criados por
compositores diferentes. O texto,
que proporciona o enredo, é cha-
mado libreto. Pode haver uma or-
questra inteira acompanhando os
cantores que interpretam os pa-
péis principais e o coro que narra
os acontecimentos.
Os intérpretes são classificados de acordo com a
altura que seu canto alcança. Do agudo para o grave,
as vozes masculinas são
categorizadas como teno-
res, barítonos e baixos; as femininas, como sopra-
nos,
mezzo-sopranos e contraltos. É de acordo com
essas classes vocais que cada cantor é selecionado
para determinado personagem.
Da Itália, a ópera logo se di-
fundiu por toda a Europa. No
século XIX, o gênero se tornou
a forma de expressão
mais pres-
tigiada e popular. Já não era
apenas música e drama, mas
também acontecimento social e
cultural e até mesmo expressão
política nos palcos dos mais de
quatrocentos teatros da Europa.
Na França, surgiu a Grande Ópe-
ra, que consistia em espetáculos
com tema épico, que incluíam
também balé, efeitos visuais e
atraíam público do mundo todo.
Três grandes compositores
do gênero viveram no século
XIX: o italiano Giuseppe Verdi
(1813-1901), o alemão Richard
Wagner (1813-1883) e o francês
Georges Bizet (1838-1875), autor
de uma das óperas
mais popula-
res da história:
Carmen.
Dentre as obras mais conhe-
cidas de Verdi estão
La Traviata,
Aída e
Otelo,
esta última uma versão lírica da peça homônima de
William Shakespeare (Capítulo 12).
Para Wagner, a ópera era a obra de arte total. O
compositor imortalizou a lenda de Tristão e Isolda
(Capítulo 10) e concebeu
O anel dos Nibelungos,
série baseada na mitologia nórdica, com quatro
óperas e duração total de 15 horas.
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