186
Outro ritmo praticado no Brasil era o
jongo
.
Tratava-se de um ritual religioso trazido
pelas últimas levas de africanos escravi-
zados para a região fluminense, a Zona da Mata
mineira e o vale do Paraíba. Os jongueiros atribu-
íam caráter mágico
aos tambores, que recebiam
rituais de consagração e passavam a ser conside-
rados como ancestrais da comunidade. O jongo é
composto de uma dança ritual e de um discurso
falado ou cantado, numa linguagem cifrada que
também tem caráter mágico e é mantida em se-
gredo dentro da comunidade.
Esse ritual era ge-
ralmente acompanhado de urucungo, viola e pan-
deiro, além de três tambores.
Arte acadêmica brasileira
A Academia Imperial de Belas Artes foi conce-
bida com base em padrões neoclássicos trazidos
pelos integrantes da Missão Francesa. O grupo
trouxe cerca de 50
obras da Europa para formar
o primeiro acervo da instituição. Foi a partir des-
ses trabalhos e da obra dos primeiros professores
que se iniciou a produção acadêmica nacional. A
estreita ligação da Academia com o governo impe-
rial resultou na produção de pinturas que narra-
vam eventos históricos de caráter ufanista.
Debret.
Urucungo. Litografia, 1826. Coleção Castro Maya,
Museu Chácara do Céu, Rio de Janeiro.
O urucungo, instrumento
musical retratado por Debret,
foi precursor do berimbau. Para os africanos tra-
zidos ao Brasil, a música e a dança tinham relação
direta com o universo religioso, sendo utilizadas
como meios de comunicação com o mundo sobre-
natural. Os ritmos africanos foram incorporados
aos ritos católicos,
fazendo parte das festas em
homenagem aos santos promovidas pelas irmanda-
des, organizações solidárias formadas por negros,
mulatos e brancos.
Victor Meirelles.
A primeira missa no Brasil.
Óleo sobre tela, 268 cm x 356 cm, 1860.
Museu Nacional de Belas Artes, Rio de Janeiro.
Esta tela pintada em 1860 reconstitui,
sob a ótica romântica, um episódio histó-
rico do Brasil colônia.
A obra foi encomen-
dada pelo governo brasileiro e realizada
durante a estadia de Victor Meirelles em
Paris. Para construir a narrativa visual
desta primeira missa em solo brasileiro,
o artista estudou a carta de Pero Vaz de
Caminha. A pintura representa uma cena
harmoniosa entre portugueses e índios,
na qual
todos aparecem atentos à cruz,
símbolo da Igreja católica.
14_F024_ ARTEbS – inserir
imagem: Victor Meirelles. A
primeira missa no Brasil. Óleo
sobre tela, 268 x356 cm 1860.
Museu Nacional de Belas Artes,
Rio de Janeiro. [Imagem aprovada
II.6.24]grande
R
eprodução/Museu Nacional de Belas
Ar
tes,
Rio de J
aneiro, RJ
.
Museus Castro Maya, Rio de J
aneiro, RJ
.
Arte_vu_PNLD2015_U2C14_176a189.indd 186
6/17/13 11:04 AM