166
Comediantes italianos, Jean-Antoine Watteau (1684-1721). 66 cm x 80 cm, 1720.
Galeria Nacional de Arte, Washington D.C., EUA.
Na França, pintores barrocos como Jean-Antoine Watteau tomaram a Com-
media dell’Arte como tema.
Commedia dell’Arte
A primeira companhia de Comme-
dia dell’Arte foi registrada em 1545,
na cidade italiana de Pádua. Eles se
definiam como vendedores de comé-
dia, dispostos a viajar de cidade em
cidade, oferecendo sua mercadoria.
As companhias de Commedia
dell’Arte costumavam se apresentar
nas praças, sobre uma carroça. Os
atores, acompanhados de música,
acrobacias e máscaras,
tomavam a
cena, representando personagens
caricaturais ou grotescos que com-
punham uma comédia vigorosa e
praticamente improvisada. Termi-
nada a encenação, os comediantes
coletavam as moedas oferecidas por
seu trabalho e partiam em direção ao
palácio. Lá, os nobres os aguardavam
ansiosos e ofereciam mais moedas.
Rapidamente o fenômeno se es-
palhou, e por quase toda a Europa
cidades e cortes receberam visitas
das companhias italianas de comédia de improviso.
Para conquistar tanto
a gente do povo como os nobres, os enre-
dos tinham de ser maleáveis, permitir adaptações. Era imprescin-
dível, portanto, a capacidade de improvisação.
Os personagens evocavam figuras típicas da sociedade, e cada
ator se especializava em um deles. Os personagens eram tipos po-
pulares que viviam longe da vida palaciana, se expressavam no
palco com vozes cômicas, posturas deformadas, canções e tiradas
espirituosas. A fim de manter um mínimo
de ordem, os oito ou
dez atores de cada companhia combinavam um roteiro básico co-
mum. Nele estavam resumidas as cenas que compunham a trama
e cabia aos atores recheá-las com improvisos. As tramas giravam
sempre em torno de temas simples, como a sátira dos costumes,
velhos apaixonados, servidores malandros, maridos traídos. Tam-
bém eram encenados números prontos – truques, efeitos ou piadas
previamente preparadas.
O eixo principal das apresentações eram as situações produzi-
das pelos Zanni, criados provenientes de Bérgamo.
Alguns eram
espertos e ardilosos; outros, bonachões e estúpidos; por isso cos-
tumavam aparecer em duplas. Usavam uma meia-máscara defor-
mada, feita de couro. Tinham barba malfeita e chapéu de abas
largas e traziam uma espada de madeira à cintura. As vítimas de
Pantalone, ilustração francesa do século XIX.
Pantalone era um mercador de Vene-
za rico e avarento, que representava
a burguesia. Ás vezes, representava
um pai avesso à ideia de consagrar
o amor dos jovens;
outras vezes, um
velho apaixonado que, incapaz de
consumar seu amor, acabava sempre
ridicularizado.
R
eprodução/Galeria Nacional de
Ar
te,W
ashington D.C., EUA.
S
elva/L
eemage/Other Images
Arte_vu_PNLD2015_U2C13_162a175.indd 166
6/17/13 11:03 AM
| CApÍtulo 13 | BArroCo |
167
Louis Le Vau e Jules Hardouin-Mansart. Palácio de Versalhes,
1668-1685. Vista do interior do Salão dos Espelhos e dos
jardins.
O rei, desejoso de interiores suntuosos para o
palácio de Versalhes,
contratou o pintor Charles
Le Brun, que coordenou o trabalho de escultores,
pintores e artesãos, criando conjuntos de exu-
berância jamais vista, como o luxuoso Salão dos
Espelhos. Os jardins são compostos de terraços,
fontes e cercas vivas geométricas que delimitam
inúmeros ambientes.
sua sátira e trapaças eram os senhores, encabeçados por dois
personagens: Pantalone e Dottore.
Os filhos e filhas jovens de Pantalone, assim como os de Dot-
tore, eram os
innamorati (enamorados). Não usavam máscaras,
pois o público preferia que aparecessem graciosos e elegantes. O
seu amor muitas vezes movimentava a trama do espetáculo.
A Commedia dell’Arte fazia sucesso entre as camadas
populares, das quais tirava seus personagens e situações,
mas era
o mecenato de nobres poderosos que garantia a sobrevivência
do empreendimento. As companhias não mediam esforços para
conquistar a amizade de poderosos, dedicando-lhes apresentações
e trabalhos intelectuais. Longe de contestar a sociedade de sua
época com suas sátiras, aos comediantes agradava dizer que
estavam ao lado do rei: precisavam consolidar seu ofício e sua
mercadoria. Graças à insistência das companhias, esse gênero
teatral ecoa até hoje. Aqui no Brasil, por exemplo, nosso Carnaval
conta com três de seus personagens típicos, derivados dos Zanni e
das Servette: Pierrô, Arlequim e Colombina.
A arte e o poder
A concentração de poder nas mãos
de monarcas absolutistas
alcançou seu auge com Luís XIV, da França. A partir do final do
século XVII, esse país tornou-se a referência cultural da Europa.
De Lisboa a Moscou os hábitos e os gostos dos reis franceses eram
admirados e imitados.
Os retratos oficiais de reis, príncipes, e nobres foram usados
como propaganda oficial, assim como ocorrera entre os imperado-
res romanos. As imagens enalteciam as qualidades dos monarcas.
Luís XIV, o Rei Sol, foi retratado mais de 200 vezes durante seu
reinado de 72 anos.
O maior símbolo do poder desse mo-
narca foi a construção do
Compartilhe com seus amigos: