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Arpões feitos de sílex, 10000 a.C.-3500 a.C.
Museu de Antiguidades Nacionais,
Saint-Germain-en-Laye, França.
Objetos como esses arpões de uso uti-
litário são hoje também apreciados por
sua beleza.
Cultura material
Os cientistas que estudam os vestígios do passado remoto en-
contram a cada dia novas pistas sobre
os povos que primeiro habi-
taram a Terra. Hoje sabemos que muitos grupos humanos viveram
durante mais de 35 mil anos em regiões separadas por milhares de
quilômetros, e que muito do que produziram se perdeu e jamais
será encontrado. Há várias hipóteses a respeito da produção cul-
tural desses povos, e cada descoberta dá origem a novas teorias.
Sabemos que os objetos, pinturas e construções do período
Paleolítico, embora sejam hoje reconhecidos
como obras de arte
(e admirados como tal em museus), provavelmente não foram fei-
tos com a mesma intenção de um artista do mundo moderno, mas
sim com finalidades bem utilitárias para a vida cotidiana.
Os arqueólogos se referem aos artefatos dessa época como
“cultura material”, sem distinguir objetos utilitários, como vasilhas
e ferramentas, dos objetos simbólicos, como aqueles destinados
aos rituais.
A explosão
criativa do
Paleolítico Superior
Durante o período conhecido como Paleolítico Superior, os gru-
pos humanos que habitavam vários pontos da Terra já dispunham
de grande capacidade de manipulação de materiais. Construíam
instrumentos de pedra, madeira e
osso e organizavam-se em so-
ciedades nômades de coletores e caçadores. Por volta de 40 mil
anos atrás, esses grupos começaram a deixar indícios de desen-
volvimento da expressão simbólica, ou seja, da capacidade de re-
presentar conceitos através de imagens, símbolos e objetos. Esse
período coincide também com a aquisição de vocabulário abstra-
to: a linguagem passou a expressar também ideias e sentimentos,
além de referir-se a coisas concretas.
Recentemente, alguns estudiosos têm
afirmado que essas
mudanças aconteceram num período relativamente curto – não
como um processo em que as sociedades vão aos poucos adqui-
rindo novos saberes, mas como uma verdadeira revolução de
comportamento.
No Paleolítico Superior os grupos humanos passaram a fabricar
instrumentos utilizando ossos, chifres e dentes de animais e também
a gravar e esculpir nesses materiais. Começaram a fazer roupas mais
bem confeccionadas e a enterrar os
mortos de maneira ritualizada, ou
seja, acompanhados de objetos e oferendas. Em sítios arqueológicos
dessa época foram encontradas pequenas flautas e apitos, que reve-
lam já haver interesse pela criação sonora.
Gravar consiste em fazer traços
em uma superfície (como argila,
pedra, osso) empregando um objeto
pontiagudo, sem necessariamente
utilizar tinta.
Sílex é uma rocha dura,
de cor
variável, sílex, amarelada, parda ou
negra.
The Bridgeman
Ar
t Library/K
eystone/Museu de
Antiguidades Nacionais, S
aint-Germain-en-Laye, F
rança.
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| CApÍtulo 1 | o NASCIMENto DA CultuRA |
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Pintura na parede da caverna de Chauvet.
Ardèche, França.
As pinturas mais antigas encontradas
até hoje na Europa estão
nas paredes
de pedra da caverna de Chauvet, no sul
da França. Trata-se de um conjunto de
representações de cavalos, javalis,
búfalos e bisões, feitas de 25 mil a 30
mil anos atrás. As pinturas e gravações
têm as proporções de animais reais,
além de dar impressão
de volume e em
alguns casos a sensação de movimento.
Isso demonstra a grande capacidade de
observação e de representação da na-
tureza dos autores dessas pinturas.
Fine Ar
te
Images/Easypix
endo sobre a explosão criativa
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