inserção, que im plica decisão, escolha, intervenção na realidade. Há perguntas a serem feitas
insistentem ente por todos nós e que nos fazem ver a im possibilidade de estudar por estudar. De
estudar descom prom etidam ente com o se m isteriosam ente de repente nada tivéssem os que ver
com o m undo, um lá fora e distante m undo, alheado de nós e nós dele.
Em favor de que estudo? Em favor de quem ? Contra que estudo? Contra quem estudo?
Que sentido teria a atividade de Danilson no m undo que descortinávam os do pontilhão se, para
ele, estivesse decretada por um destino todo poderoso a im potência daquela gente fustigada pela
carência?
Restaria a Danilson trabalhar apenas a possível m elhora de performance da população no
processo irrecusável de sua adaptação à negação da vida. A prática de Danilson seria assim o
elogio da resignação.
Na m edida porém em que para ele com o para m im o futuro é problem ático e não inexorável,
outra tarefa se nos oferece. A de, discutindo a problem aticidade do am anhã, tornando-o tão óbvio
quanto a carência de tudo na favela, ir tornando igualm ente óbvio que a adaptação à dor, à fom e,
ao desconforto, à falta de higiene que o eu de cada um , com o corpo e alm a, experim enta é um a
form a de resistência física a que se vai j untando outra, a cultural. Resistência ao descaso ofensivo
de que os m iseráveis são obj eto. No fundo, as resistências – a orgânica e/ou a cultural – são
manhas necessárias à sobre-vivência física e cultural dos oprim idos. O sincretism o religioso afro-
brasileiro expressa a resistência ou a m anha com que a cultura africana escrava se defendia do
poder hegem ônico do colonizador branco.
É preciso porém que tenham os na resistência que nos preserva vivos, na compreensão do futuro
com o problema e na vocação para o ser mais com o expressão da natureza hum ana em processo
de estar sendo, fundam entos para a nossa rebeldia e não para a nossa resignação em face das
ofensas que nos destroem o ser. Não é na resignação m as na rebeldia em face das inj ustiças que
nos afirm am os.
Um a das questões centrais com que tem os de lidar é a prom oção de posturas rebeldes em
posturas revolucionárias que nos engaj am no processo radical de transform ação do m undo. A
rebeldia é ponto de partida indispensável, é deflagração da j usta ira, m as não é suficiente. A
rebeldia enquanto denúncia precisa de se alongar até um a posição m ais radical e crítica, a
revolucionária, fundam entalm ente anunciadora. A m udança do m undo im plica a dialetização
entre a denúncia da situação desum anizante e o anúncio de sua superação, no fundo, o nosso
sonho.
É a partir deste saber fundam ental: mudar é difícil mas é possível, que vam os program ar nossa
ação político-pedagógica, não im porta se o proj eto com o qual nos com prom etem os é de
alfabetização de adultos ou de crianças, se de ação sanitária, se de evangelização, se de
form ação de m ão-de-obra técnica.
O êxito de educadores com o Danilson está central-m ente nesta certeza que j am ais os deixa de
que é possível m udar, de que é preciso m udar, de que preservar situações concretas de m iséria é
um a im oralidade. É assim que este saber que a História vem com provando se erige em princípio
de ação e abre cam inho à constituição, na prática, de outros saberes indispensáveis.
Não se trata obviam ente de im por à população expoliada e sofrida que se rebele, que se m obilize,
que se organize para defender-se, vale dizer, para m udar o m undo. Trata-se, na verdade, não
im porta se trabalham os com alfabetização, com saúde, com evangelização ou com todas elas, de
sim ultaneam ente com o trabalho específico de cada um desses cam pos desafiar os grupos
populares para que percebam , em term os críticos, a violência e a profunda inj ustiça que
caracterizam sua situação concreta. Mais ainda, que sua situação concreta não é destino certo ou
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