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VII Simpósio Nacional de História Cultural
HISTÓRIA CULTURAL:
ESCRITAS, CIRCULAÇÃO,
LEITURAS E RECEPÇÕES
Universidade de São Paulo – USP
São Paulo – SP
10 e 14 de Novembro de 2014
O
PAGODE EM DOCUMENTOS
:
CONTRIBUIÇÕES PARA O ESTUDO
DO CAMPO MUSICAL NOS ANOS
1990
Gabriela Limeira de Lacerda
*
As relações sociais e a experiência individual dos seres humanos estão
conectadas a sua vivência e produção cultural. A cultura e seu estudo estão vinculados a
uma demanda social ligada à produção, circulação, consumo, representações, ideologias,
confrontos, que são próprios das relações humanas, numa tentativa de compreender
aspectos de experiências que abrangem diversas atividades e vivências sociais, bem como
artísticas e intelectuais.
Essas questões se manifestam de diversas formas, inclusive na expressão
musical, pois, como aponta Merriam (
apud LEME, 2003)
ao tratar da antropologia
musical, a música enquanto produto do homem possui uma estrutura, estrutura essa que
não tem uma existência por si só, afastada do comportamento que a produz. Portanto, a
produção musical está inscrita em um tempo e em um lugar, ao mesmo tempo em que diz
musicalmente sobre esse tempo e lugar ao qual está vinculada.
Segundo Napolitano em “História & Música” (2002), os sentidos históricos de
uma música são construídos no espaço e no tempo, por isso as canções devem ser
entendidas como um conjunto que engloba palavra, música, performance vocal e
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Mestranda do Programa de Pós-Graduação em História da Universidade Federal do Ceará.
VII Simpósio Nacional de História Cultural
Anais do Evento
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instrumental e veículo técnico: levar isso em consideração é necessário para que não
ocorra uma análise que reduza a música a apenas um desses aspectos.
Tendo em vista tais considerações, o presente trabalho tem como objetivo propor
algumas reflexões entre história e música, buscando entender o campo musical do Brasil
nos anos 1990. Para isso, apresentamos e discutimos alguns documentos que compõem
esse campo musical e que ultrapassam o registro fonográfico. Tratamos, especificamente,
do estudo do pagode baiano enquanto fenômeno musical que, entre as décadas de 1990 e
2000 repercutiu para além dos meios midiáticos de divulgação musical, ocupando espaço
em programas de TV, publicidades e propagandas diversas, revistas masculinas como a
Playboy, dentre outros meios, conquistando um público de crianças e adultos, buscando
entender como as mulheres são representadas nesse gênero musical.