19
A EDUCAÇÃO
INFANTIL
dade mais justa e democrática. Constituem-se como um dos fundamentos
legais
da BNCC e, portanto, dos currículos e propostas pedagógicas locais.
No contexto dessas produções de caráter legal, tem-se obtido uma pro-
fusão de documentos em que, tanto se reitera o direito da criança à
educação (pública, gratuita e de qualidade) como se especifica aspectos
constituintes da qualidade dessa educação. Os referidos documentos
orientam um conjunto de diretrizes, metas e estratégias, bem como con-
ceituações e orientações que constituem uma Política Nacional de Edu-
cação Infantil (BRASIL, 2005) e que precisa se materializar em políticas
locais por meio de seus dispositivos legais.
Os Parâmetros Nacionais de Qualidade para a Educação Infantil (BRASIL,
2006), estabelecem padrões de referência orientadores para o sistema
educacional no que se refere à organização e funcionamento das insti-
tuições de Educação Infantil. São destacados, no documento, aspectos
relativos à gestão
e financiamento, a formação docente, as propostas
pedagógicas, a organização dos espaços e as interações entre instituição,
família e comunidade.
Com um caráter mais didático é produzido um documento intitulado “Indi-
cadores de qualidade na Educação Infantil” (BRASIL, 2009) que se caracte-
riza como um instrumento de autoavaliação da qualidade das instituições
de educação infantil. Para tanto, apresenta sete dimensões: planejamento
institucional; multiplicidade de experiências e linguagens; interações; pro-
moção da saúde; espaços, materiais e mobiliários; formação e condições
20
A EDUCAÇÃO INFANTIL
de trabalho do(a)s profissionais da educação infantil; cooperação e troca
com as famílias e participação na rede de proteção social.
Os documentos supracitados defendem um atendimento em educação in-
fantil que seja complementado por outras instâncias sociais: a família, a
assistência social, as unidades de saúde e outros órgãos administrativos e
culturais das redes. Entende-se que a qualidade da educação de crianças
pequenas, pode ser alcançada mediante políticas nacionais e locais de
financiamento, gestão, formação e infraestrutura (DANTAS, 2016).
Nesse caminho, mas ainda não de forma suficiente, foram implantados
projetos como o Programa Nacional de Reestruturação e Aparelhagem da
Rede Escolar Pública de Educação Infantil – PROINFÂNCIA, que financiou a
construção de creches e pré-escolas e a aquisição de equipamentos para
as redes municipais, conforme as orientações dos Parâmetros Básicos de
Infraestrutura para Instituições de Educação Infantil (BRASIL, 2006a).
Deste modo, concordando com Nunes, Corsino e Didonet (2011), apesar
de grandes desafios que ainda estão colocados para o alcance da quali-
dade no atendimento educacional às crianças pequenas, o fato da edu-
cação infantil em nosso país constituir-se como primeira etapa da edu-
cação básica no âmbito legal, insere-a num lugar de disputa no campo
das políticas educacionais, o que tornou possível, a definição de recursos
financeiros, diretrizes, programas e ações específicos para este atendi-
mento, como por exemplo:
[...] ações em torno de ampla mobilização para a inclusão das
creches e pré-escolas no FUNDEB. Programas de expansão e melhoria
da qualidade da educação [...] Distribuição de material pedagógico,
livros de literatura, transporte escolar, merenda, construção e reforma
de equipamentos físicos, formação de professores, entre outros.
(Ibid, p. 74).
Neste contexto, de forma progressiva a educação infantil busca construir
sua identidade nas práticas cotidianas das instituições. Nunes, Corsino
e Didonet (2011) sintetizam alguns pontos que merecem destaque, e de-
mandam reflexões e ações para uma educação
de qualidade na con-
temporaneidade, que evidencie concepções e práticas inclusivas. Nesse
sentido, é importante:
Traduzir em práticas político-pedagógicas a ideia da unidade da
criança, a indivisibilidade entre o corpo e a mente, a interdependência
dos aspectos físicos, sociais, emocionais e cognitivos;
A EDUCAÇÃO INFANTIL
No Rio Grande do Norte
21
Buscar uma identidade de atendimento educacional que rompa com
os modelos sanitarista e assistencialista, bem como com o modelo
escolar instrucional e preparatório, dualidades que representam
obstáculos para mudanças;
Instituir mecanismos de colaboração entre educação, saúde, proteção
social, assistência, cultura, visando ao atendimento integral à
criança, em complementaridade à família;
Estabelecer um currículo integrado de creche e pré-escola, de forma
articulada com os anos iniciais do ensino fundamental, rompendo
com as segmentações (Ibid, p. 75).
Assume-se então, os desafios ora colocados, que se constituem em te-
máticas desenvolvidas ao longo deste documento. Sendo assim, ao se
considerar a trajetória histórica nos âmbitos da legislação, das políticas,
das pesquisas e das práticas que vem construindo e consolidando a Edu-
cação Infantil como área de estudo, de atuação e como etapa educativa,
esta é aqui compreendida como:
conjunto de processos/práticas históricas e socioculturais
possibilitadas às crianças e que se circunscrevem em cada espaço
e tempo, às condições objetivas mediante as quais as crianças
têm oportunidades de aprenderem e se desenvolverem enquanto
pessoas/sujeitos sociais (DANTAS, 2016, p. 125).
E, sendo etapa educativa, tempo-espaço de aprendizagem e desenvol-
vimento de crianças, precisa garantir que sejam desenvolvidas experi-
ências que envolvem interações e brincadeiras, possibilitando que as
crianças possam conviver, brincar, explorar, participar, expressa e conhe-
cer-se, como participantes ativas nas práticas cotidianas, experimentan-
do e se apropriando dos conhecimentos socialmente construídos nas
práticas culturais.
Compartilhe com seus amigos: