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INTERAÇÕES
O Papel do Outro
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INTERAÇÕES
Brincadeira como Eixos
do Currículo
A brincadeira é vista enquanto atividade, linguagem e modo das crian-
ças se relacionarem com o real e, constitui, portanto, contexto de apren-
dizagem e desenvolvimento. Logo, assume características que a distingue
de outros modos de atividade (VIGOTSKI, 2007; BROUGÉRE, 1998; LOPES,
2005), tais como: a liberdade, a regra e a imaginação (fantasia), a ação
voluntária da criança – a decisão de iniciar e findar a participação – a
possibilidade de câmbio de papéis e de retomadas infinitas, entre outras.
Desta maneira, nem sempre podem ser “controladas pelos adultos”, mui-
to embora eles possam, enquanto responsáveis pelas crianças, exercer
o papel de mediadores e participantes da brincadeira, no sentido de
ampliar suas possibilidades como experiência da criança e, assim, no co-
tidiano das instituições, podem favorecer situações com que produzam
repertórios, narrativas, significados e sentidos que podem, por sua vez,
enriquecer as brincadeiras das crianças, pois
Todas as formas de brincadeira aprendidas pelas crianças são
enriquecidas com o trabalho feito no conjunto das experiências por elas
vividas nas outras dimensões, como: a da linguagem verbal e contação de
histórias; a dimensão das linguagens artísticas e também dos saberes que
a criança vai construindo enquanto pensa o mundo social e o da natureza;
a dimensão do conhecimento de medidas, proporção, quantidades, e a
importante dimensão da experiência de cuidar do outro e de si.
Conforme o olhar sensível dos professores acompanha e estimula as
crianças a explorar eventos físicos ao brincar, a produzir desenhos,
a desenvolver sua corporeidade e a realizar um conjunto valioso de
aprendizagens, elas podem revolucionar o seu desenvolvimento, o que,
por sua vez, alimenta os conteúdos das brincadeiras de faz de conta que
criam (OLIVEIRA, 2011, pp. 88-89).
Para Wallon (2005) a ludicidade é a marca primordial da infância, entendi-
da, também, como período da vida em que todas as atividades humanas
encontram-se em fase nascente. Nessa perspectiva, atividades como an-
dar, correr, pular podem assumir feições lúdicas, por sua repetição, pelo
prazer que provocam. Para o autor, os “jogos” são, inicialmente, “puramen-
te funcionais”, depois assumem caráter de ficção, de aquisição e de fabri-
cação (Ibid, p. 73).
Enquanto os primeiros são experimentações e repetições de ações que
produzem efeitos (sons, movimentos), os “jogos de ficção” consistem nas
brincadeiras de faz-de-conta, que envolvem “atividades, cuja interpretação
é mais complexa” (Ibid, p. 74). Os “jogos de aquisição” envolvem exploração
do ambiente, dos objetos e seres, curiosidade e busca de compreensão. Os
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