Sociologia da Infância
Apresenta-se “um novo entendimento da infância e das crianças”, considerando que a infância é
uma construção social, elaborada para e pelas crianças, em um conjunto ativamente negociado
de relações sociais . Embora a infância seja um fato biológico, a maneira como ela é entendida é
determinada socialmente [ . . .] é sempre contextualizada em relação ao local e à cultura, variando
segundo a classe, o gênero e outras condições socioeconômicas . Por isso, não há uma infância
natural nem universal, e nem uma criança natural ou universal, mas muitas infâncias e crianças .
(DAHLBERG; MOSS; PENCE, 2003, p . 71) .
Esta construção se fundamenta especialmente no discurso do “novo paradigma da sociologia
da infância” que, segundo Sarmento (2008), tem origem já na década de 1990 com os “aspectos-
chave do paradigma” definidos por Prout e James sobre a investigação sociológica da infância, dos
quais cita-se aqui:
1.
A infância é entendida como construção social . Como tal, isso indica um quadro interpretativo
para a contextualização dos primeiros anos da vida humana . A infância, sendo distinta da
imaturidade biológica, não é uma forma natural nem universal dos grupos humanos, mas
aparece como uma componente estrutural e cultural específica de muitas sociedades .
2.
A infância é uma variável de análise social . Ela não pode nunca ser inteiramente divorciada de
outras variáveis como a classe social, o gênero ou a pertença étnica . A análise comparativa e
multicultural revela uma variedade de infâncias, mais do que um fenômeno singular e universal .
3.
As relações sociais estabelecidas pelas crianças e suas culturas devem ser estudadas por seu
próprio direito independentemente da perspectiva e dos conceitos dos adultos .
4.
As crianças são e devem ser vistas como atores na construção e determinação de suas próprias
vidas sociais, das vidas dos que as rodeiam e das sociedades em que vivem . As crianças não
são os sujeitos passivos de estruturas e processos sociais [ . . .] (PROUT; JAMES, 1990, p . 8-9 apud
SARMENTO, 2008, pp .23-24) .
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