VI.3.3 BATUIRETÉ
Batuireté, é o líder dos potiguaras, é um ancião guerreiro, corajoso, e muito respeitado, pois:
“Foi ele que veio pelas praias do mar até o rio do jaguar, e expulsou os tabajaras para dentro das terras, marcando a cada tribo seu lagar; depois entrou pelo sertão até à serra que tomou seu nome”134.
Este é muito velho, e inapto para a guerra, todavia um grande sábio de guerra, isolado num ponto alto, na montanha, e em comunicação com a divindade:
“Lá no píncaro, o velho guerreiro fez seu ninho alto como o gavião, para encher o resto de seus dias, conversando com Tupã (...) Assim as tribos não o chamam mais pelo nome, senão o grande sabedor da guerra, Maranguab.”135
Poderá até parecer que o Batuireté vive isolado em sofrimento, mas o mesmo vive em contacto pleno com o divino e com a natureza:
“A cabana do velho guerreiro estava junto das formosas cascatas, onde salta o peixe no meio dos borbotões de espuma. As águas ali São frescas e macias, como a brisa do mar, que passa entre as palmas dos coqueiros, nas horas da calma.”
Embora pela sua velhice Batuireté não tenha a comunhão que tem Iracema ou os outros índios jovens com a natureza:
“Quando o velho guerreiro arrastava o passo pelas margens, e a sombra de seus olhos não lhe deixava que visse mais os frutos nas árvores ou os pássaros no ar, ele dizia em sua tristeza: -Ah! meus tempos passados!”136
Batuireté tem uma importância simbólica relevante na obra, que prenuncia algo futuro:
“— Tupã quis que estes olhos vissem antes de se apagarem, o gavião branco junto da narceja”137
Martim era o (gavião branco) e Poti (narceja), ora um gavião é uma ave de rapina, e rapina significa, roubo violento, extorsão, traficância, usura ou no sentido figurado a pessoa que vive de extorsões, era nesse sentido que Batuireté via Martim, como aquele que vinha extorquir o índio ou suprimi-lo do seu próprio habitat.
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