FERREIRA, Jorge; REIS, Daniel Aarão
(org.). Nacionalismo e reformismo
Radical (1945 – 1964). As Esquerdas no
Brasil. vol. 2. Rio de Janeiro: Civilização
Brasileira, 2007. ISBN: 978–85–200–0780–
8.
Ricardo Oliveira da Silva
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História das Esquerdas no Brasil: (1945-1964)
Lançado no final de 2007, o livro Nacionalismo e Reformismo Radical
(1945-1964), organizado por Jorge Ferreira e Daniela Aarão Reis, dá
continuidade a coleção As Esquerdas no Brasil, projeto que busca analisar e
refletir a história e trajetória de partidos políticos, movimentos sociais,
organizações, indivíduos, frentes pluriclassistas e movimentos artísticos
identificados com um ideário de esquerda, mediante o trabalho de
pesquisadores de diversos centros de estudo no país.
A coleção As Esquerdas no Brasil, planejada em três volumes, apresenta
pesquisas sobre as esquerdas brasileiras durante o período republicano, iniciado
em 1889, até os primeiros anos do século XXI. O primeiro volume dessa
coleção, intitulado, A formação das Tradições (1889-1945), é dividido em duas
partes: a primeira, “As Esquerdas na Primeira República”, e a segunda “As
Esquerdas na República nacional-estatista”. O segundo volume, Nacionalismo
e Reformismo Radical (1945-1964), está composto de uma única parte, a terceira,
denominada “As Esquerdas na República democrática”. O terceiro volume
dessa coleção, Revolução e Democracia (1964-...), é apresentado em duas partes:
a quarta, “As esquerdas e a ditadura civil-militar”, e a quinta, “As esquerdas e
os desafios do tempo presente”.
Nesse momento, gostaríamos de comentar o segundo volume dessa
coleção, Nacionalismo e Reformismo Radical, o qual se detém no estudo
das esquerdas no Brasil no período que inicia com o fim do Estado Novo e
a redemocratização, em 1945, e finda em 1964, com o golpe civil-militar e a
implantação de um regime de exceção.
1
Mestrando em História pela UFRGS. Graduado em História pela UFSM. E-mail:
ricardorussell@gmail.com
RILA, Santa Maria, RS, v.4, n. 1, jan./jun. 2007. 145
Porém, antes de comentarmos alguns trabalhos deste volume,
consideramos importante apresentarmos algumas considerações formuladas
por Jorge Ferreira e Daniel Aarão Reis na apresentação deste volume. Segundo
esses autores, os últimos anos da década de 1970, prosseguindo até os dias
atuais, têm apresentado um inédito florescimento dos estudos sobre as
esquerdas. Embora freqüentemente derrotadas nos campos dos confrontos
sociais e políticos, as esquerdas, sua trajetória, pensamento e ação, tiveram
impacto decisivamente reconhecido na história das instituições, da sociedade
e das idéias no Brasil republicano.
Em face dessa constatação, Jorge Ferreira e Daniel Aarão Reis
consideram importante contribuir para esses estudos, apresentando uma
história das esquerdas no Brasil, ampla na temporalidade, por cobrir todo o
período republicano, diversa nos objetivos definidos, capaz de captar a
complexidade do tema, com uma abordagem múltipla, tendo em vista a
pluralidade dos interesses e das referências dos autores integrantes da coleção.
Além desse aspecto, Jorge Ferreira e Daniel Aarão Reis, tendo em
vista o objetivo dos três volumes em apresentar trabalho sobre as esquerdas
no Brasil, procuraram conceituar o termo esquerda. Para esse fim, ambos os
autores optaram pela acepção de Norberto Bobbio, segundo o qual as
esquerdas seriam as forças e as lideranças políticas animadas e inspiradas
pela perspectiva da igualdade. Nessa acepção, os organizadores da coleção
também acrescentaram que as esquerdas são definidas pela perspectiva de
mudança, reformista ou revolucionária, no sentido da igualdade.
Levando em consideração a acepção das esquerdas com a busca da
igualdade, o segundo volume da coleção As Esquerdas no Brasil, apresenta o
conjunto de forças sociais identificados com o ideário de esquerda, que
atuaram no Brasil durante o período democrático de 1945 a 1964.
Composto de 21 artigos, o livro Nacionalismo e Reformismo Radical (1945-
1964), contêm trabalhos sobre partidos políticos, movimentos rurais,
organizações sindicais, itinerário de indivíduos identificados com o ideário
da esquerda, setores militares e algumas organizações católicas.
Diante desse conjunto de estudos, gostaríamos de destacar o trabalho
de Angela de Castro Gomes, sobre um dos principais partidos políticos
desse período: o PTB. Intitulado “Partido Trabalhista Brasileiro (1945-1964):
getulismo, trabalhismo, nacionalismo e reforma de base”, a autora apresenta
um texto referente às origens do PTB, sob chancela governamental de Getúlio
Vargas, em 1945. Com uma proposta dirigida à classe trabalhadora, em
especial a urbana, o PTB apontava para a articulação de um partido de
massas com bases sindicais.