2.2.1. Cabeça
Vista de frente, a região de maior notoriedade na cabeça do cavalo é a fronte. De
acordo com primeiro padrão da raça Mangalarga Marchador (Anexo I), aprovado em 25 de
outubro de 1950 e modificado em 17 de agosto de 1951, a fronte dos equinos deve ser
larga e plana. Exigências semelhantes constam no atual padrão da raça Mangalarga
Marchador (Anexo II), aprovado em 24 de julho de 1998 pelo Conselho Deliberativo
Técnico da ABCCMM e pelo Ministério da Agricultura Pecuária e Abastecimento em 05
de julho de 2000. Segundo Jones (1987) e Thomas (2005), uma fronte larga sinaliza
inteligência por delimitar a cavidade cerebral (Jones, 1987 e Thomas, 2005). Uma fronte
larga pode indicar inteligência e uma fronte estreita está relacionada aos animais linfáticos,
tradicionalmente menos inteligentes e dispostos (Thomas, 2005).
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A região do chanfro deve ser ampla para não restringir a passagem de ar. Na raça
Mangalarga Marchador tanto o primeiro quanto o atual padrão racial indicam perfil do
chanfro de retilíneo a sub-côncavo. Cavalos sanguíneos tendem a apresentar perfil reto ou
côncavo, enquanto nos animais linfáticos normalmente são convexos (Jones, 1987).
Segundo Thomas (2005), chanfros excessivamente côncavos podem resultar em
estreitamento da passagem do ar. Já o perfil excessivamente convexo, principalmente nos
cavalos de corrida, pode interferir no campo visual do animal.
Na raça Mangalarga Marchador, o primeiro e o atual padrão racial visam equinos
com narinas grandes, bem abertas e flexíveis e boca de abertura média, lábios finos,
móveis e firmes. Narinas dilatadas e flexíveis facilitam a entrada de grandes quantidades
de ar e a manutenção de um bom funcionamento do sistema respiratório, enquanto a boca
de abertura média permite maior sensibilidade ao freio, e lábios firmes, simétricos e com
boa mobilidade favorecem a apreensão dos alimentos (Jones, 1987 e Cid, 1999).
O tamanho e posicionamento dos olhos interferem na ação e no temperamento dos
equinos. Nos cavalos Mangalarga Marchador o primeiro padrão racial indica olhos
afastados, grandes, vivos e de pálpebras finas, e o atual padrão racial acrescenta que os
olhos também devem ser salientes e escuros, denotando amplo campo de visão e
complementando a beleza da cabeça (Jones, 1987 e Cid, 1999). Olhos pequenos e ou
assimétricos afetam negativamente a visão, podendo indicar temperamento nervoso,
imprevisível e má índole, simplesmente por reduzir o campo visual (Thomas, 2005).
Apesar da principal função das orelhas ser auxiliar a audição, elas também servem
para indicar as emoções e o temperamento do animal. Tanto o primeiro quanto o atual
padrão racial do Mangalarga Marchador visam orelhas médias, móveis e bem implantadas.
No primeiro padrão racial consta que as orelhas devem ser atesouradas, enquanto no atual
padrão, além de paralelas e dirigidas para cima, as orelhas devem ter, preferencialmente, as
pontas ligeiramente voltadas para dentro. De acordo com Jones (1987), nos cavalos
sanguíneos elas são eretas e respondem a qualquer som, movendo-se de uma posição a
outra em rápida sucessão. Por outro lado, nos cavalos linfáticos, os movimentos das
orelhas podem ser lentos, com um pavilhão auricular pesado e caído. Segundo Thomas
(2005), muitos cavaleiros preferem orelhas com formas pequenas e refinadas, embora o
tamanho não influencie na habilidade do animal. Na verdade, orelhas largas podem ajudar
a dissipar, mais eficientemente, o calor gerado pelo exercício, através da rede de vasos
sanguíneos próxima da pele (Thomas, 2005).
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Nos cavalos Mangalarga Marchador o primeiro padrão racial busca ganachas
delicadas e afastadas, e no atual padrão racial consta ganachas afastadas e descarnadas. De
acordo com Harris (1993) e Cid (1999) ganachas afastadas permitem que o equino flexione
confortavelmente a cabeça sem apertar a traquéia, possibilitando espaço suficiente para o
fluxo de ar até os pulmões.
O comprimento, largura e forma da cabeça são avaliações importantes por
conferirem expressão racial aos animais, além de demonstrar feminilidade na fêmea
(Gonçalves et al., 2012). Nos cavalos de sela, a cabeça é considerada desproporcional
quando a largura é superior à terça parte do comprimento, o que pode descaracterizar o
animal racialmente, mesmo que possua ótima conformação das demais regiões do corpo
(Berbari Neto, 2005).
Em relação ao comprimento, uma cabeça mais comprida pesa à mão do equitador,
desloca o centro de gravidade para frente e sobrecarrega os membros torácicos, ficando o
animal sujeito a tropeçar com mais facilidade. Já uma cabeça curta e proporcional constitui
qualidade e beleza estética, principalmente quando ligada a um pescoço longo, pois é fácil
de ser conduzida e alivia os membros torácicos (Fontes, 1954; Nascimento, 1999 e Cid,
1999).
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