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Leia o texto para responder às questões de números 01 a 08.
24 horas conectados
Para os adolescentes, ficar sem celular
ou computador é o maior castigo. Muitos
já preferem a internet aos automóveis.
Os jovens que participam do curso de
verão da Putney Summer School, nos
Estados Unidos, têm de deixar celular,
laptop, tablet e qualquer outro aparelho
de comunicação na entrada. Durante os
30 dias de estadia, o acesso à internet é
limitado - dez horas semanais - e os fones
de ouvido são banidos. Se quiserem ouvir
música, devem conectar o MP3 a uma cai-
xa de som, para que todos compartilhem.
O intuito da política é induzir os alunos a
interagir uns com os outros em vez de
ficar isolados e imersos em uma tela
eletrônica brilhante. Afinal, trata-se de um
curso de verão. Os jovens vão lá para se
divertir, conhecer culturas, gente diferente
e fazer amigos.
Nos Estados Unidos é cada vez maior a
preocupação com a intensidade da relação
dos adolescentes com a internet e o celu-
lar, principalmente quanto aos limites de
utilização desses meios de comunicação.
Poder conversar com outras pessoas sem
que a fronteira física atrapalhe é ótimo -
uma conquista da modernidade. Mas para
manter relações saudáveis, é preciso fazer
um uso inteligente dos recursos tecnológi-
cos e evitar os excessos da "dependência
da conectividade". Nesse ponto, a escola
e, principalmente, os pais são responsá-
veis pela educação dos jovens.
O celular se tornou um item de
consumo favorito da população. O Brasil é
o campeão em vendas da América Latina.
Desde 2005, o número de telefones mó-
veis ultrapassou o de fixos nas residências
brasileiras. Além do mais, o aparelho é o
principal representante da convergência
tecnológica, permitindo ligações, envio de
mensagens SMS e acesso à internet.
Pais e filhos
Quem convive com adolescentes sabe
que um dos piores castigos para eles é
ficar sem celular e sem computador. Os
jovens permanecem conectados aos ami-
gos e à família 24 horas por dia, ligando,
trocando torpedos e atualizando status
nas redes sociais. De acordo com o so-
ciólogo polonês Zygmunt Bauman, na era
da informação, a invisibilidade equivale à
morte. Nessa fase marcada pela busca da
identidade e da autonomia, é muito comum
ver adolescentes imersos nesses meios de
comunicação.
Mas para o que os jovens usam tanto
o celular? A pesquisa "Uso de Celular na
Adolescência e sua Relação com a Famí-
lia", envolvendo 534 jovens entre 12 e 17
anos de escolas públicas e particulares de
Porto Alegre (RS), revelou que o uso mais
frequente do aparelho é para se comuni-
car com os pais (90%) e com os amigos
(79%). "É possível perceber que as re-
lações virtuais estabelecidas pelo telefone
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celular acompanham as relações reais
estabelecidas com família e grupo de
amigos", diz a psicóloga Fabiana Verza,
especialista em terapia familiar e autora
do estudo. As outras utilizações mais
populares são vinculadas à coordenação
do dia a dia, com funções de despertador
e de agenda.
Em muitas famílias, o celular pode sig-
nificar mais que um simples aparato tec-
nológico. Segundo o livro Adolescência &
Comunicação Virtual, de Adriana Wagner,
Fabiana Verza, Rosane Spizzirri e Caroline
Eifler Saraiva, dar um celular de presente
ao filho é um rito de passagem para uma
fase do ciclo familiar. Se antes se dava a
chave da entrada da casa como símbolo
de confiança, liberdade e autonomia, hoje
se presenteia o adolescente com um celular.
O aparelho também proporciona mais
tranquilidade aos pais e aos jovens sempre
que saem de casa. "Existe uma necessida-
de de monitoramento dos filhos pelos pais,
principalmente em função da violência e da
insegurança associada a 'sair de casa' na
atualidade, e, nesse ponto, o celular pode
ser um grande elo", escrevem as autoras.
Mas, cuidado! O aparelho não deve ser uma
extensão do cordão umbilical. Ligações re-
correntes entre pais e filhos podem indicar a
existência de uma relação simbiótica pouco
saudável e trazer à tona problemas na es-
trutura familiar.
Segundo Fabiana, o fácil acesso a ou-
tros recursos midiáticos via celular, como
internet e messenger, também exerce um
papel relevante na socialização do jovem.
Para os mais tímidos, o celular é um facili-
tador social. Eles se sentem mais à vonta-
de em ligar diretamente para os amigos,
sem ter de falar com os pais deles e de
trocar mensagens de texto, recurso que
não exige olhar nos olhos. Desse modo, os
mais tímidos conseguem se socializar
melhor. Em outros tempos, isso não seria
possível. Vale lembrar, obviamente, que
esse meio de comunicação não deve subs-
tituir uma conversa presencial.
É importante ter em mente que a ju-
ventude de hoje, assim como a das Ge-
rações passadas, tem essencialmente as
mesmas necessidades: vincular-se a um
grupo, ter mais autonomia e consolidar
uma identidade. O que muda é atender a
essas necessidades na era da informação.
Fonte: Disponível em: . Acesso em: 5 out.
2014. (adaptado)
01.
A ideia central da reportagem é
a) a utilização do celular durante a aula.
b) o constante uso de aparelhos eletrônicos pelos jovens e adolescentes.
c) a proibição do uso de celular nas atividades em grupo.
d) a restrição da compra de aparelhos eletrônicos.
e) a falta de conectividade entre os adolescentes e os pais.
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02.
O texto levanta a discussão sobre o uso
do celular, tema que vem despertando posi-
cionamentos contrários entre adolescentes,
pais e professores.
Assinale a alternativa INCORRETA em relação
ao comportamento dos adolescentes.
a) Para ouvir música, no curso de verão da