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ATRIX
Ensaios para o Novo Milênio
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EREIRA
05-12-2000
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I
NTRODUÇÃO
Matrix é um filme completo ou, pelo menos, quase. Ação e filosofia correm lado a
lado e, ao mesmo tempo que diverte e empolga o espectador, critica o ser humano e sua
sociedade, promovendo uma reflexão intelectual como poucos filmes promovem.
Antes de mais nada, Matrix é um marco, assim como foram Pulp Fiction e ...E o
Vento Levou. É um marco porquê gera tendências, propõe estilos e reflete uma metáfora da
sociedade em que vivemos. O filme retrata os anos 90-2000, suas aflições, seus problemas
e suas questões. O contexto histórico nos ajuda a entender melhor isso.
Durante toda a história, especialmente a do século XX, o mundo viveu em guerra.
Primeiro
veio a Primeira Guerra Mundial, depois a Segunda, e então a Guerra Fria, onde
efetivamente o conflito passou a estar, a cada dia, dentro de cada um – era a guerra
ideológica: capitalismo X comunismo. Até o final os anos 80, a corrida armamentista, e a
possível ameaça de uma destruição nuclear tornava real a possibilidade de uma guerra de
proporções mundiais. Até então se falava sobre a 3
a
Grande Guerra. O inimigo estava ali.
Ele era palpável, real, iminente.
Com o fim do comunismo e a desarticulação dos dois grandes blocos –
transformando
o mundo em uma aldeia global – a guerra passou a ser puramente
econômica. Não há inimigo. A “ameaça vermelha” já não mas existe, e não há inimigo real.
O mundo vive em paz (?). Ocorre que o homem dos anos 90 perdeu alguma coisa com isso:
a sua ideologia. Não há mais contra quem lutar, não há mais uma ideologia a seguir. Sem
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inimigos internacionais ou a ameaça de um conflito global, o homem do novo milênio
descobre um novo inimigo: não é mais uma nação, não é mais um líder – é ele mesmo. A
liberdade tem o seu preço.
Esse novo mundo sem ideologia se reflete em tudo: roupas que buscam tendências
do passado, comportamentos, e a música
techno são apenas alguns exemplos.
Matrix é tão
importante porquê mostra exatamente isso, o novo inimigo. Alguns filmes como O Show de
Truman também propõe uma análise semelhante, mas
Matrix vai além, refletindo essas
tendências dos anos 90.
A mídia é um elemento fundamental para entendermos esse novo inimigo. A mídia
é a Matrix, o inimigo invisível. Ela não nos controla através
de armas, bombas ou canhões.
Ela nos controla através de nós mesmos, através de nossos sentimentos, de nossos sonhos,
de nossas aspirações e desejos mais profundos. Ela nos dá a opção de seguirmos muitas
estradas que, no final, levarão todas ao mesmo lugar. Mas, afinal, quem controla a mídia?
Será a elite? Seremos nós mesmos? Será algum órgão secreto ou será a sociedade como um
todo? Na verdade, todos eles a controlam, e nenhum deles exatamente.
A mídia torna-se uma inteligência superior. É como um grande computador onde
todos colocaram suas opiniões e suas idéias e agora a máquina adquiriu vida própria e,
munida dessas informações, passa a controlar a humanidade. Esta é a mídia. Esta é a
Matrix.