SEGUNDA PARTE
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Deus se revela na história da salvação – uma leitura
teológica da história
Introdução
A divisão metodológica de um estudo, nas muitas vezes, tem o
puro caráter de organicidade, podendo, portanto, não condizer com a
forma como as coisas acontecem no mundo da vida. A primeira parte do
trabalho se preocupou com uma abordagem mais antropológica, deixando
para esse momento os temas da história, da cristologia e escatologia.
Isso tem mero efeito didático, pois também essas temáticas, como a
anterior, são perpassadas pelo veio histórico. Na verdade não há como
falar do ser humano ou de Jesus Cristo sem considerar a história. Nesse
sentido, os pilares que sustentam o estudo aqui desenvolvido se
harmonizam no binômio: Ser humano-Deus. Já é possível, nesse
momento, sinalizar para a resposta à pergunta central da hipótese dessa
pesquisa: onde é possível harmonizar o pensamento de Pannenberg no
que se refere à abertura do ser humano para Deus à revelação de Deus
ao ser humano?
Pode-se dizer, até então, o estudo ficou mais preocupado em
mostrar os traços antropológicos que potencializam a pessoa a se abrir
para o transcendente. O ser humano, criado à imagem e semelhança de
Deus e possuidor da vontade livre e da razão, é dotado de meios para se
abrir a Deus. Devido às imperfeições, ele vive contradições, pecados e
misérias que vão dificultando sua atitude de abertura e desviando-o do
seu destino definitivo. Se fosse possível já nesse momento dar uma
resposta definitiva para a problemática levantada na investigação,
certamente ela não estaria fora da noção de história elaborada por
Pannenberg. É no solo histórico que Deus e homem têm condição de se
encontrar. Dessa forma fica difícil falar de uma antropologia ou de uma
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transcendência desvinculadas da história, pois o ser humano fora dessa
relaidade histórica dificilmente seria humano e nem teria desejo de
transcendência. Se antes foi visto, por meio da antropologia, a história do
ser humano de forma obliqua, agora a antropologia continuará sendo vista
a partir da revelação divina na história e, essa última será diretamente
abordada. Olhando nessa perspectiva, essa segunda parte nada mais é
que a continuação da primeira.
Este é um capítulo em que a pesquisa se preocupa com a noção
do conceito de história, esforçando-se para conciliar esse conceito com o
tema da criação, sustentação e governo do mundo
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. No tema da criação
será apresentada a compreensão da presença de Deus na história de
Israel e como Deus se revela a esse povo. A problemática da Aliança de
Deus com Israel e a Eleição do mesmo abrem horizonte para mais
adiante buscar a compreensão da pessoa do Messias eleito de Deus na
tradição cristã, mostrando que a revelação definitiva se dá em Jesus
Cristo que liberta o povo e instaura o reino de Deus.