A BELA ADORMECIDA
: DA AGRESSÃO SEXUAL À MEDIOCRIDADE
Autora: Patrícia Aparecida Penkal de Castro (UNIANDRADE)
Orientadora: Profa. Dra. Brunilda T. Reichmann(UNIANDRADE)
Introdução
Atualmente, quando lemos um livro ou vamos ao cinema assistir a uma
releitura literária, nos deparamos com versões que fogem das estruturas tradicionais
dos contos de fadas. Muitos elementos, até então utilizados, como as princesas que
encontram seus príncipes encantados e vivem felizes para sempre dão lugar a
versões com enredo modernizado, satirizado ou que contam “o outro lado” da história.
Recentemente, inúmeros contos de fadas ganharam essas novas versões, dentre eles
podemos citar Jasmine, princesa do conto Aladdin; Mulan, uma jovem chinesa do
conto Mulan e ainda princesa Valente, do conto com mesmo nome, mulheres fortes e
de personalidade, que buscam cada vez mais conquistar seu espaço, a igualdade e
principalmente a superação. O enredo dessas histórias demonstra a figura feminina
dando um novo significado as suas vidas. Além dessa transformação na figura
feminina, é possível observar mudanças em personagens antes estereotipados e bem
definidos que apresentavam a dualidade maniqueísta para representar o bem e o mal.
Ao verificar a existência de inúmeros contos de fada que apresentam essa
releitura na contemporaneidade, a partir dos contos clássicos, escolheu-se como
objeto de estudo para este trabalho a história A Bela Adormecida.
Para compreender agrande divergência de histórias deste conto, fez-se
necessário realizar uma análise das diferentes versões a fim de verificar a forma como
foram recontadas em seus contextos históricos, uma vez que os contos são inspirados
na vida cotidiana de uma sociedade, seus comportamentos e atitudes.
Optou-se em estruturar o artigo em três capítulos. No primeiro,aborda-se a
história dos contos de fada, a presença das características patriarcais e maniqueístas
nessas histórias e como a função dominadora que essas características
representavam para as mulheres. Na segunda parte, descreve-se o enredo das
principais versões do conto e as diferenças existentes entre eles, bem como o
contexto em que foram escrito. Na terceira e última parte, aponta-se partes do enredo
que demonstram as características do patriarcalismo e do maniqueísmo e as
transformações que lhe dão uma nova roupagem.
Apesar das inúmeras diferenças nas histórias desse conto clássico, uma coisa
pode-se garantir: ele encantou e ainda encanta diferentes gerações. Pois, a adaptação
de uma história, não a torna melhor ou pior que a outra,mas faz com que se levante
reflexões sobre as manifestações e transformações relacionadas à sociedade, com a
forma de pensar das pessoas e com as realidades que as cercam, sejam elas sociais
ou econômicas, retratando seu tempo e espaço.