A relação de integração entre a obra de arte e a arquitetura tem variado de diferentes maneiras,
de acordo com as épocas e os lugares. Na Antiguidade, a pintura, a escultura e a arquitetura
A arquitetura sempre foi utilizada como continente para as outras artes: os egípcios, os
pinturas parietais. Vale lembrar os grandes mosaicos das igrejas bizantinas; a relevância da
ornamentação escultórica das catedrais góticas (Fig. 1) e na Renascença as geniais pinturas de
Fig. 2: Uma seção do teto da capela Sistina, Vaticano. Itália
Fonte: A História da Arte, E. H. Gombrich.
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A divisão significativa entre arte e arquitetura ocorreu a partir do século XIX, colocando cada
modalidade artística em locais particulares através da tradicional divisão
das belas-artes em
arquitetura, pintura e escultura, Artes Maiores, e orientando as especificidades de cada uma
dessas formas de expressão artística.
A integração das artes é um dos temas pertinentes à formação da arquitetura moderna nos últimos
anos do século XIX e nas primeiras décadas do século XX. A discussão emerge no movimento
Arts & Crafts, com William Morris, que propõe uma arte que participe do ambiente humano e da
sociedade, e que aproxime as “artes maiores e menores”. (FERNANDES, 2005). Essa idéia se
expandirá através das obras dos arquitetos belgas Victor Horta e Henry van de Velde, ambos
ligados ao movimento Art Nouveau. Horta e van de Velde inserem novas questões teóricas a
respeito do significado das belas-artes e encabeçam uma renovação geral dos métodos de projetar
(BENEVOLO, 2006). Nas idéias dos arquitetos, a arte deveria se manifestar na decoração e em
todos os elementos que a compõe como luminárias, mobiliário e se estender até vestuário e
talheres de mesa.
O conceito de “obra de arte total” (gesamtkunstwerk) será impulsionado durante a Secessão
Vienense com as posturas de Otto Wagner e Joseph Maria Olbrich (Fig. 3). Porém o grande
adversário da secessão, o arquiteto Adolf Loos, carrega de acidez a crítica sobre o uso do
ornamento na arquitetura desse período e segundo Benévolo (2006:302), “em 1908, no célebre
artigo ‘Ornamento e Delito’, Loos sustenta que a arquitetura e as artes aplicadas devem dispensar
todo ornamento, considerado como um resíduo de hábitos bárbaros”.
Figura 3: J. M. Olbrich - Edifício da Secessão, Viena/ Áustria. 1897
Fonte: Benévolo, História
da Arquitetura Moderna
O debate irá se expandir na escola Bauhaus onde a idéia de gesamtkunstwerk irá fazer parte do
projeto pedagógico e definido como o trabalho conjunto de pintores, escultores e arquitetos. A
imagem adotada como referência é a catedral gótica. A reunificação das artes é orientada para a
arquitetura pelos arquitetos Bruno Taut e Walter Gropius e pelo pintor Wassily Kandinsky.