BANCO DE JARDIM
Às vezes, divagando a fantasia
Pelo mundo encantado do impossível,
Fico a pensar na original poesia
De um banco de jardim, mudo e insensível.
Não sente. . . e ter parece uma alma pia.
Écaridoso e bom, quanto possível.
A ninguém nega a sua serventia
Seja de qualquer classe ou qualquer nível.
Agora uma criança. . . Um moço agora. . .
Uma jovem, um pobre, uma senhora.. .
Depois um velho solitário e a esmo. . .
Depois, ninguém. . . Depois, todo carinho,
Toma ares delicados, feito ninho ,
A um par de namorados. . . sempre o mesmo.
Abre-te, Sésamo!
Lino Vitti
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O CAS ULO
Vede essa larva. Escala, em breve, um galho
E em baba luminosa se enclausura.
Vai a morte encontrar no seu trabalho
Entretecendo a própria sepultura.
Fecha-se. E fica à chuva, ao sol e orvalho
O casulo de seda, enquanto dura
Essa morte fingida, até que, em talho,
Rasga-o, e, borboleta, galga a altura.
Sou assim entre os homens, pois que a imito
Tecendo o estranho invólucro de seda
Do meu isolamento de proscrito.
Quero cerrar-me, a sós, nestes meus versos
Para que um dia (Deus o assim conceda!)
Paire, em luz, muito além dos universos.
Abre-te, Sésamo!
Lino Vitti
- 118 -
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