BORBOLETA MORTA
Encontrei-a abatida na calçada
Aos pés indiferentes e cruéis
Dos transeuntes, por eles repisada,
Por sua estupidez de serem pés.
Foi perfume, foi pétala extraviada,
Foi faísca de sol pelos painéis.
Foi adejo de luz na madrugada,
Pedaço de inocência dos vergéis. .
E agora?. . . Nunca mais pela alameda
Carregada de flores, nem repletas
De pólen, adejar asas de seda.
Agora o pó. . . M as desprezada, abjeta,
Talvez inda reavives cinza queda
De alguma fantasia de poeta.
Abre-te, Sésamo!
Lino Vitti
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