A confissão de Leontina - Não podemos aqui falar em felicidade. Leontina é uma Macabreia (de A Hora da Estrela, de Clarice Lispector, 1977) que foi à luta e acabou na prisão. Lygia vai tecendo a trama desta pequena novela. Onde está a narradora? O que aconteceu com ela para estar assim? Com quem fala?
- A ruptura com o tempo cronológico faz o leitor viajar na mente tortuosa e ao mesmo tempo simplista da personagem. '“Essa daí não é a tua irmã?", um menino perguntou. Mas Pedro fez que não e foi saindo. Fiquei sozinha no palco com um sentimento muito grande”, diz diante da primeira negativa de Pedro.
- “Não conheci meu pai. Morreu antes de você nascer, respondia minha mãe sempre que eu perguntava”. A narrativa é fragmentada e trabalha o discurso indireto livre imprimindo ao texto um ritmo ágil: “Meu pai feito um Deus desaparecendo atrás da montanha com sua capa de nuvem num carro de ouro”. É um pai mítico e a menina o cria com elementos do seu universo particular: as nuvens, quando se deitava na beira da lagoa e escolhia a cara que o pai devia ter.
- A velha Gertrude (e o filho João Carlos), sua primeira “patroa”, a tratara como um animal: “Nem pra ir ao banheiro eu tinha sossego que ela ficava rodando a porta e resmungando que eu devia estar cagando prego pra demorar tanto assim”.
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