- Esta narrativa de Lygia é outro exemplo da literatura como duplo, ou seja, o próprio conto como um todo é uma duplicidade de uma situação real. Uma situação política de um país, as forças militares que nele operavam, praticamente toda sua doença social personificadas nas personagens que se desdobram, os ratos como imagem de um povo faminto de liberdade e justiça que refletem (se duplicam) no conto literário. O epílogo do conto prova a existência do povo, sob forma de ratos rebelados, que mostra sua revolta e vingança, ao contrário da crença do secretário, de que ele não existiria. Neste conto, na luta entre os homens do poder e os ratos (os duplos - representantes do fantasmático), os vencedores são aparentemente estes últimos, que conseguem aniquilar com o VII Seminário. Porém, o final ambíguo (com a iluminação da mansão) e a sobrevivência do Chefe das Relações Públicas podem encaminhar a outras possibilidades de interpretação. Porém, a dúvida se instala: se os ratos haviam roído a instalação elétrica, de onde provinha a iluminação? Mais um enigma proposto pelo fantástico.
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