imaginário social e cultural deva ser analisada enquanto forma simbólica, partimos
então para as três fases que, segundo Thompson (1995), compõem o referencial
metodológico da Hermenêutica de Profundidade.
Segundo o autor, as experiências dos indivíduos sempre se dão num
contexto histórico, no sentido de que algo só é construído a partir de experiências
passadas. Por isso a Análise Sociohistórica, primeira fase descrita por Thompson
(1995, p. 363) no enfoque da Hermenêutica de Profundidade, abrange uma análise
cultural que pode ser explicada como “o estudo das formas simbólicas em relação
aos contextos e processos historicamente específicos e socialmente estruturados
dentro dos quais, e através dos quais, essas formas simbólicas são produzidas,
transmitidas e recebidas”. A Análise Sociohistórica constitui uma fase que tem por
objetivo reconstruir as condições sociais e históricas da produção, circulação e
recepção das formas simbólicas.
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De acordo com Thompson (1995), existem quatro aspectos básicos dos
contextos sociais que sugerem níveis diferentes de análise. Inicialmente, o autor se
refere às situações espaço-temporais, em que as formas simbólicas são produzidas
(faladas, narradas, inscritas) e recebidas (vistas, ouvidas, lidas) por pessoas que
pertencem a um lugar específico, agindo e reagindo a tempos particulares e a locais
especiais, fazendo com que a reconstrução desses ambientes seja uma parte
relevante da Análise Sociohistórica.
Num segundo momento, Thompson (1995) descreve que as formas
simbólicas estão situadas dentro de um campo de interação, o qual pode ser visto
como um espaço de posição e um conjunto de trajetórias, que determinam algumas
das relações entre pessoas e oportunidades acessíveis a elas. Num terceiro
momento, o autor mostra que a Análise Sociohistórica está relacionada às instituições
sociais, que funcionam como um conjunto relativamente estável de regras e recursos,
estabelecendo as relações sociais.
Para Thompson (1995, p.367), “[...] analisar instituições sociais é
reconstruir os conjuntos de regras, recursos e relações que as constituem, é traçar
seu desenvolvimento através do tempo e examinar as práticas e atitudes das pessoas
que agem a seu favor e dentro delas”.
O quarto e último momento da Análise Sociohistórica fala da estrutura
social, que se refere às assimetrias e diferenças relativamente estáveis, que
caracterizam as instituições sociais e os campos de interação, isto é, sua finalidade
consiste em identificar as assimetrias, as diferenças e as divisões. Juntamente com a
estrutura social, identificamos os meios técnicos de construção das mensagens e de
transmissão, onde as formas simbólicas são intercambiadas entre pessoas,
pressupondo algum meio de transmissão, como por exemplo, ondas moduladas, uma
conversa face a face, ou ainda através dos meios de comunicação.
Do ponto de vista de Thompson (1995, p. 368), o meio técnico é “um
substrato material, em que as formas simbólicas são produzidas e transmitidas,
determinando certas características, certo grau de fixidez, certo grau de
reprodutibilidade e certa possibilidade de participação para os sujeitos que empregam
o meio”. O autor sublinha, ainda, que a Análise Sociohistórica dos meios técnicos de
construção e de transmissão das mensagens não pode constituir-se apenas numa
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investigação técnica, mas procura elucidar os contextos sociais mais amplos em que
esses meios estão inseridos e empregados.
Em Thompson (1995, p. 369):
[...] a tarefa da primeira fase do enfoque da Hermenêutica
de Profundidade é reconstituir as condições e contextos sócio-
históricos da produção, circulação e recepção das formas simbólicas,
examinar as regras e convenções, as relações sociais e instituições, e
a distribuição de Poder, recursos e oportunidades em virtude dos
quais esses contextos constroem campos diferenciados e socialmente
estruturados.
A segunda fase do enfoque da Hermenêutica de Profundidade sublinhada
por Thompson (1995) é a Análise Formal ou Discursiva Narrativa. Assim como a
Análise Sociohistórica, a Análise Formal ou Discursiva Narrativa apresenta diferentes
métodos de análise, para que o pesquisador possa utilizá-lo, de acordo com o seu
objeto de estudo. A meta dessa fase é analisar os objetos e expressões que circulam
nos campos sociais, os quais são, também, construções simbólicas complexas que
apresentam uma estrutura articulada.
Em
Thompson
(1995),
as
formas
simbólicas
são
produtos
contextualizados, que possuem capacidade e têm por objetivo dizer alguma coisa
sobre algo. A Análise Formal ou Discursiva Narrativa está preocupada com a
organização interna das formas simbólicas, com suas características estruturais, seus
padrões e relações, servindo para a construção do campo-objeto.
O primeiro método descrito por Thompson (1995), no interior da Análise
Formal ou Discursiva Narrativa, é a Análise Semiótica. De acordo com o autor, a
Análise Semiótica ajuda a iluminar de que modo as formas simbólicas são
construídas, podendo ainda colaborar na identificação dos elementos constitutivos e
suas inter-relações, ou seja, como o sentido de uma determinada mensagem é
construído e transmitido.
A “Semiótica” é para Thompson (1995) uma expressão bastante geral.
Segundo ele, existem muitos autores que estudam Semiótica, abrindo-se aqui uma
janela para Ferdinand de Saussure, Charles Sanders Peirce, Roland Barthes,
Umberto Eco. Para o autor, a Semiótica deve ser entendida como “o estudo das
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relações entre os elementos que compõem a forma simbólica ou o signo, e das
relações entre esses elementos e os do sistema mais amplo, do qual a forma
simbólica, ou o signo, pode ser parte” (THOMPSON, 1995, p. 370).
A análise simbólica quase sempre implica uma abstração metodológica
das condições sociohistóricas de produção e recepção das formas simbólicas. Ela
verifica os aspectos estruturais internos, assim como os elementos constitutivos e as
inter-relações, interligando-os aos sistemas e códigos dos quais as formas simbólicas
fazem parte. Entretanto, Thompson (1995) fala que a Análise Semiótica é um enfoque
parcial para o estudo das formas simbólicas, pois ela está interessada, em um
primeiro momento, na constituição interna delas, com seus elementos distintos e suas
inter-relações.
Em razão disso, muitas vezes ela supõe e não consegue observar de
modo sistemático os contextos sociohistóricos em que as formas simbólicas são
produzidas e recebidas. Como nota Thompson (1995), essas limitações não
descartam a sua utilidade, mas implicam que esse tipo de análise deve ser visto, não
como um enfoque autosuficiente ao estudo das formas simbólicas, e sim, como um
outro passo parcial de um procedimento interpretativo mais compreensivo.
Já a Análise da Conversação tem por objetivo estudar as instâncias da
interação linguística nas situações concretas em que elas ocorrem, assim como a
organização sequencial da conversação.
Para averiguar as características estruturais das expressões linguísticas e
as relações de discurso, a Análise Sintática é relevante, pois ela está preocupada
tanto com a sintaxe quanto com a gramática do dia-a-dia.
A Análise Narrativa nos permite fazer um estudo do discurso e do mito.
Em Thompson (1995), a narrativa deve ser vista como um discurso que narra uma
sequência de acontecimentos, conta uma história. Na maioria das vezes, a história
contém uma constelação de personagens e uma sucessão de eventos, combinados
em uma maneira que apresente o enredo. As personagens, por sua vez, podem ser
reais ou imaginários, desde que suas características sejam definidas, segundo suas
relações mútuas e seus papeis no desenvolvimento do enredo.
Para completar e enriquecer nosso estudo sobre a comunicação visual
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