É difícil pensar na história da animação sem lembrar das obras de Walt Disney. Seja
sob a forma de desenhos animados veiculados no cinema e na televisão ou de filmes de
animação, suas criações tornaram-se referências mundiais tanto para espectadores quanto
para os estudiosos que se empenham no assunto. Lucena Júnior (2005: 81) atribui o
sucesso de Walt Disney à sua “combinação exata de engenhosidade técnica, imaginação e
a história da animação – esta, compreendida enquanto uma arte que opera uma linguagem,
envolvendo uma seção operacional e uma seção expressiva interligadas (LUCENA
JÚNIOR, 2005: 17).
latino animare (“dar vida a”), a palavra associa-se intimamente ao movimento, tendo sido
13
utilizada para descrever imagens movimentadas, especificamente, apenas no século XX.
Segundo Lucena Júnior (2005: 29), a vontade do homem de dar vida às suas criaturas é
uma constante no decorrer da História, seja com uma intenção mágica (na Pré-História);
como um código social (Egito Antigo); para reforço da narrativa (Oriente Próximo em
diante); ou por puro desejo formal, no bojo da Arte Moderna. Entretanto, a animação tal
qual a entendemos hoje, teve a origem de seu desenvolvimento a partir do advento da
ciência moderna, quando diferentes estudiosos passaram a debruçar-se sobre o
entendimento da natureza das coisas segundo uma perspectiva mais antropocêntrica.
Foi o
caso do inventor romano de formação jesuíta Athanasius Kircher que, em 1645, apresentou
ao mundo sua criação, a lanterna mágica. Já na segunda metade do século XVIII, destaca-
se a importação ocidental do teatro de sombras chinesas e é no século XIX em que ocorre
um boom de diferentes invenções que dariam fôlego ao desenvolvimento da animação no
século XX. Dentre as principais, estariam o kineograph (ou flipbook); o praxinoscópio e o
kinetoscópio (LUCENA JÚNIOR, 2005, p. 35-39). Inventos que, apesar de suas
respectivas contribuições técnicas, não eram suficientes para alçar a animação a um
patamar de arte, justamente por sua natureza exclusivamente tecnológica. Nesse contexto
também surgiria a fotografia, na década de 1820, o que proporcionou o início de pesquisas
com sequências fotográficas para a análise do movimento humano e animal.
É no finalzinho do século XIX em que ocorrem as primeiras projeções de filmes,
executadas pelos irmãos Lumière, os quais conseguem exibir fotografias animadas graças a
seu cinematógrafo – aparelho que servia tanto para filmar quanto para projetar imagens.
(LUCENA JÚNIOR, 2005: 40). A partir do surgimento desta nova forma de arte (o
cinema), começam a surgir as primeiras tentativas de se projetar animações. James Stuart
Blackton seria o primeiro a realizar essa tarefa: com seu Humorous Phases of Funny Faces
(1906), o ilustrador inglês conseguiu idealizar o que viria a ser considerado o primeiro
desenho animado da história. É interessante destacar que nesse primeiro desenvolvimento
do cinema – incluindo-se aí as primeiras animações – o grande trunfo para chamar a
atenção do público era o apelo à própria tecnologia que propiciava a feitura dos filmes e
permanecia desconhecida pelos espectadores. Assistir a projeções de filmes era uma
experiência extremamente nova e, com um ambiente propício à fantasia (lembre-se do
rápido avanço científico, o advento do carro e a literatura de Júlio Verne por exemplo),
cineastas como George Méliès aproveitaram-se para explorar o potencial ilusionista do
14
cinema:
Esses primeiros filmes de efeito, com seus temas e títulos com alusões a
bruxarias e pseudociência, refletiam os temores e anseios de uma época
de expectativas diante de um mundo extraordinariamente novo e
consequentemente incerto. (LUCENA JÚNIOR, 2005:
45)
Passado o interesse inicial do público, pautado principalmente na novidade técnica
do cinema e da animação, destacaram-se dois homens no que tange à ênfase artística que
deram ao cinema animado. Emile Cohl, ilustrador, interessa-se pelo cinema quando
descobre que seus quadrinhos estão sendo adaptados em forma de filmes. Lança
Compartilhe com seus amigos: