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Época de Páscoa - 2009
V
ivenciamos, na Escola, a Época de Páscoa, que acompanha a estação do
outono em nosso hemisfério. É como se caminhássemos, agora, rumo ao nosso
próprio interior, aonde só chegaremos, profundamente, no inverno.
Essa peregrinação para o encontro com o que temos de mais íntimo em nós,
é uma possibilidade que oferece-nos, como espelho, a própria natureza, se
pudermos observá-la em suas sutilezas regionais: noites mais frescas, convidando-
nos ao recolhimento, céu constantemente nublado, brisa mais fria, mesmo durante o
dia. E daqui a pouco a profusão de sementes far-se-á notar, encapsulando a vida
que, caindo na terra, mais tarde brotará na primavera.
Assim o Cristo, em sua passagem sobre a Terra, ofereceu-nos, nos
acontecimentos da Semana Santa, “a mais bela e terapêutica imagem para o
desenvolvimento humano, sobre a qual podemos refletir e na qual encontramos
relações com a nossa própria vida. Os acontecimentos da Semana Santa compõem
um caminho, através do qual trilhamos verdades existenciais, cujo conhecimento, se
não for considerado de forma dogmática, pode ser um oásis no deserto espiritual
que constantemente vivenciamos, quando o nosso pensar se torna, unilateralmente,
racional e materialista”
A Páscoa é uma festa muito anterior à morte de Cristo. Nos primórdios,
era celebrada no Hemisfério Norte, por lavradores e pastores em função do
começo da primavera. O tempo passou, e o povo judeu começou a celebrar sua
própria Páscoa, em função do fato histórico de sua libertação da escravidão do
Egito, acontecido há mais de 3 mil anos. Nesta época, a palavra Páscoa já possuía
um significado próprio, a “passagem” do inverno para a primavera, da escravidão
para a liberdade.
Com a morte de Jesus Cristo, na Sexta-feira Santa, um dia anterior às
comemorações da Páscoa, também os cristãos começaram a comemorar esta
data. Para eles, festejada no domingo, dia da Ressurreição do Cristo, passagem da
morte para a vida.
Páscoa na Escola
A Páscoa na História
02
Edna Andrade
Jornal do Estado, abril de 2001.
03
Há quem pense que o coelho e os ovos são invenções modernas para
incentivar o comércio na época da Páscoa. Mas, segundo a história, eles são os
principais símbolos desta data. O coelho significando a fertilidade, e os ovos pintados
com cores brilhantes, representando a luz solar.
Os primeiros a incentivar o cultivo desses símbolos, foram os imigrantes
alemães, por volta de 1700. Vindos de sua terra natal para a América, eles trouxeram
na bagagem coelhos de comemoração representando a Páscoa. Um símbolo que,
conforme os alemães, surgiu com uma antiga história passada de pai para filho.
Conta a lenda, que uma pobre mãe alemã, coloria ovos e os escondia num
ninho para dá-los a seus filhos como presente de Páscoa. Quando as crianças
descobriram o ninho, um grande coelho passou correndo. Espalhou-se, então, a
história de que o coelho é que trouxera os ovos.
Outra história, mais realista, liga o surgimento do coelho como símbolo
máximo da Páscoa à época dos egípcios. Eles utilizavam o animal como
representação de nascimento e nova vida, enquanto povos ainda mais antigos viam
no coelho o símbolo da Lua. Como a lua tem influência total no calendário da Páscoa,
talvez seja essa a verdadeira origem da relação coelho-páscoa.
Seja como for, desde os mais remotos tempos até a atualidade, estes
símbolos sofreram alterações. O coelho mais estilizado, continua a ser símbolo da
fertilidade, mas os ovos, que na antiguidade eram verdadeiras obras de arte não-
comestíveis, pintados em cera e dados como presente, transformaram-se em
maravilhosas guloseimas.
Mesmo assim, o ovo ainda simboliza o nascimento, a vida que retorna. E
como os cristãos primitivos da Mesopotâmia, dos primeiros a usar ovos coloridos
especificamente na Páscoa, os homens modernos continuam a oferecê-los como um
dos presentes mais especiais para esta data.
Símbolos Guardam Várias Origens
Jornal do Estado, abril de 2001.
04
A Vivência Da Páscoa
Existem várias formas para poder se relacionar com esta festa. A época atual,
tão longe de todo o religioso ou do autenticamente espiritual, oferece,
paradoxalmente, muitos elementos que possibilitam uma relação com ela.
A festa da Páscoa lembra a Paixão, a Morte e a Ressurreição de Cristo. O
Cristo, um Deus, um ser que nunca tinha estado na Terra e que só conhece a
Eternidade, vincula-se ao ser humano, expondo-se à experiência mais difícil que
todos os homens devem enfrentar: a experiência da morte. E Ele a vence: Ele leva
consigo o corpo físico, naquilo que conhecemos como Ressurreição.
Hoje em dia, o ser humano passa mais e mais constantemente por
experiências que, de uma ou de outra forma, lembram algo assim como a morte.
Frequentemente as pessoas se confrontam, por exemplo, com a profissão assumida
anos antes e percebem como esse impulso profissional está chegando ao fim, e nada se
encontra que possa substituí-lo; a falta de motivação profissional, após anos, gera uma
sensação de vazio na alma, um “nada” que nos faz ter a sensação de um fim, de uma
“pequena morte”. Não só profissionalmente pode esta acontecer, mas também em
relação à família. Com frequência, pessoas que chegam aos 42-45 anos de idade, com
trabalho relativamente estável, uma família relativamente bem constituída, filhos
adolescentes ou já entrando na Universidade, sentem uma falta de sentido em tudo e
gostariam de poder “começar de novo”, deixar tudo para trás, e isso pode ser muito
dramático, porque os próprios relacionamentos, sua pobre qualidade, acentuam a
sensação de falta de sentido, que o próprio esvaziamento interior tinha gerado.
Nesses exemplos cada vez mais presentes, em maior ou menos grau, e nas
mais diversas situações, todos nós passamos por essa experiência de “fim”, de “nada”,
de “sem sentido”.
Mas a mesma coisa encontramos não só na vida pessoal, encontramo-la
naquilo que, para nós, tinha um significado mais transcendente. Na ciência, por
exemplo, o desenvolvimento científico trouxe, com a aplicação de seus resultados,
consequências imprevisíveis para a natureza. As repetidas catástrofes ecológicas
ilustram isso com muita clareza. Mas o leitor não deve pensar que essas
consequências são o resultado de um descuido apenas: nessa opinião está embutida
uma enorme ingenuidade.
A realidade é que a própria metodologia das ciências, o próprio método
científico gera graves consequências, pois o método cientifico tem limitações: ele tem
os recursos para descrever a composição material do mundo, porém não pode explicar
a natureza da vida; para esta, precisa-se de um outro método, como o desenvolvido
por Rudolf Steiner na Antroposofia.
05
O método científico tradicional, nas suas aplicações práticas, desenvolveu
todo o bem estar material que conhecemos em nossa civilização, todavia chegou num
ponto onde sua aplicação mais sofisticada converte esse bem estar em situações de
desastre, que são inesperadas e assustadoras. Isso leva, mais e mais, muitas pessoas a
perceberem que, também aqui, nas ciências, chega-se a um ponto final que mostra o
futuro como uma incógnita assustadora. A situação na medicina (as questões da
Bioética), a situação na pedagogia e na educação da criança, na agricultura, etc.,
mostra-nos que chegamos ao final de um caminho. Este final é como uma morte. Mas
o impulso do Cristo é Ressurreição. E é com essas forças da Ressurreição que
devemos aprender hoje a nos colocar na vida, também dentro das ciências, para que
surja um novo conhecimento do homem e da natureza que nos ensinará a agir de
forma diferente.
E esta situação é ilustrada para nós na semana da Páscoa, onde a Paixão, a
Morte e a Ressurreição podem nos inspirar a refletir sobre a seriedade do momento
que vivemos e a seriedade que devemos ter, ao nos confrontarmos com as mudanças
pelas quais devemos passar.
(Dr. Bernardo Kaliks – médico antroposófico)
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Depois da ressurreição do Cristo, os apóstolos saíram para o mundo, para
levar a boa mensagem a todos. João também se pôs a caminho. Esse apóstolo foi
aquele que, durante a Santa Ceia, recostou sua cabeça no peito de Cristo.
Ele então saiu para o campo e abriu bem os braços. De todas as direções
chegaram pombas que se juntaram à sua volta. Algumas até pousaram nos seus
braços e ombros. Então João começou a falar com elas: “Peguem, cada uma de vocês,
um ramo de oliveira no bico e chamem todos os bichos do mundo. Devem vir em paz,
todos eles, sem machucar uns aos outros. E devem apressar-se, pois tenho algo
importante a contar-lhes”.
As pombas agiram conforme o pedido de João. Pegaram o ramo de oliveira
no bico e voaram em todas as direções cardeais: para o sul e para o norte, para o leste e
para o oeste. Onde avistavam um animal, davam a notícia. Então os bichos se
puseram a caminho para encontrar João, e nenhum deles atacou o outro. Reuniram-se
cães e gatos, as ovelhas e os lobos, as vacas e os ursos, os cavalos, as raposas e os
cervos, as galinhas e os coelhos, os pássaros e os peixes; vieram de todas as direções.
Quando finalmente todos estavam reunidos, João contou a eles sobre Jesus Cristo,
sua morte e ressurreição e que com isso libertara todas as criaturas.
“Sim. Todo sofrimento terá um fim quando vocês tiverem encontrado e
chocado o maior ovo de Páscoa que existe, disse o apóstolo feliz. A avestruz levantou
a cabeça orgulhosa e exclamou: “O maior ovo que existe é o meu ovo de avestruz, e
eu sou a única que consegue chocá-lo”. Mas João retrucou: “O ovo em que estou
pensando não foi botado por um pássaro, e não tem pai nem mãe, que pudessem
chocá-lo. Não, não é tão fácil assim”. Quando a avestruz ouviu isso, ficou tão
envergonhada de sua fala vaidosa, que emudeceu. Desde então, não deu mais um pio.
João, porém, disse aos bichos: “Saiam pelo mundo e procurem o ovo! Quem o
encontrar, venha falar comigo. Apressem-se para que o ovo possa ser chocado logo!”
Os animais então voltaram para as suas regiões. Mas ao partirem dali, perderam
também a índole pacífica. Começaram novamente a perseguir-se e a fugir uns dos
outros e, com isso, a maioria esqueceu a missão que João lhes havia dado.
Quem, porém, não esqueceu da missão foram os coelhos. Coelhos existem
no mundo todo e assim eles conhecem todo cantinho e todo esconderijo. Com seus
narizinhos farejaram debaixo de todos os arbustos, em todos os buracos da terra;
ficaram nas patas traseiras, em pé, para olhar dentro das flores e viraram cada folha
caída no chão, com a esperança de achar o ovo. Mas foi em vão. Acharam muitas
coisas – ovos de pássaros, ovos de formigas – mas não o ovo de que lhes havia falado
João.
O Maior Ovo De Páscoa
Georg Dreissig
07
E então foi justamente o medo que os ajudou. Sabemos que os coelhos são
medrosos e com toda razão, pois eles têm muitos inimigos. E o que fazem quando
percebem que há um inimigo por perto? Eles não fogem, mas se agacham numa
depressão do terreno e ficam bem quietinhos, até o perigo passar; e somente quando
alguém se acerca demais, eles dão um pulo e se põem a correr. E assim sempre
acontecia que um coelho, num lugar qualquer do mundo, agachava-se na relva e
apertava o seu coração que batia forte, sobre a terra. “Bum, bum, bum...” o coelho
ouvia o seu coraçãozinho batendo “bum, bum, bum...” até que, passado o perigo, o
coração batia mais devagar – “Bum... bum... bum...” – e o coelho continuava
saltitando. Mas havia algo estranho que foi percebido primeiro por um coelho,
depois por outro e outro e outro até que conversaram entre si, e aos poucos
pressentiram a grande descoberta que haviam feito. Pois quando se agachavam sobre
a terra e ouviam seus coraçõezinhos, eles tinham a sensação de que havia outro
coração batendo lá no fundo e quando o deles fazia “bum... bum... bum...” o outro
batia bem tranquilo “Buum... Buum... Buum...”. Era a batida tranquila desse outro
coração que lhes tirava todo o medo. “Você ouviu também?” Perguntavam uns aos
outros. Sim, todos haviam ouvido. Então colocaram as suas longas orelhas para trás e
começaram a pensar no que isso poderia significar, e finalmente lhes ocorreu: “O ovo
que deveríamos procurar, o maior ovo de Páscoa, deve ser a Terra, pois dentro dela
bate um coração que nos tira o medo”.
Quando descobriram isso, os coelhinhos saltitaram até onde estava João e
lhes contaram do seu achado. Ele confirmou contente e disse: “Sim! Vocês, coelhos,
descobriram o ovo certo. A própria Terra é o maior ovo de Páscoa. Mas agora digam-
me, quem poderia chocá-lo para nós?” Os coelhos então sugeriram as galinhas e as
patas, o rouxinol e a avestruz, todas as aves que lhes ocorriam. De repente, um
coelhinho branco deu um pulo bem alto de alegria e exclamou: “Mas nós mesmos
podemos chocá-lo, pois somos muitos! “Apóstolo João, podemos nós, coelhos,
chocar o ovo da Páscoa?” O rosto do Apóstolo iluminou-se e ele consentiu com um
movimento da cabeça. “Mas vocês terão que chocar por muito tempo ainda, por
muitos e muitos anos, e não poderão desistir”. – “Faremos isso, queremos fazer
isso!” exclamaram os coelhos, entusiasmados com a missão importante que haviam
recebido. “Nós nos agacharemos sobre o solo para que o ovo fique bem quentinho e
permita sair Aquele de quem sempre ouvimos o coração batendo”.
- “E cujo coração ouvirão sempre quando estiverem fazendo seu trabalho”.
Desde então, os coelhos chocam a Terra, também quando constroem tocas
ou ninhos, para poder chocar sempre, o maior ovo de Páscoa do mundo, com o calor
de seus coraçõezinhos, para que a Terra revele o seu segredo.
08
Não apenas as pessoas mais idosas, mas também jovens fazem a experiência
de que tudo está se acelerando excessivamente. Ontem foi Carnaval, dentro de pouco
será Páscoa, mais um pouco, Natal. Esse sentimento é ilusório ou tem base real?
Pela ressonância Schumann se procura dar uma explicação. O físico alemão W.O.
Schumann constatou em 1952 que a Terra é cercada por um campo eletromagnético
poderoso que se forma entre o solo e a parte inferior da ionosfera, cerca de 100km
acima de nós. Esse campo possui uma ressonância (dai chamar-se ressonância
Schumann), mais ou menos constante, da ordem de 7,83 pulsações por segundo.
Funciona como uma espécie de marca-passo, responsável pelo equilíbrio da biosfera,
condição comum de todas as formas de vida. Verificou-se também que todos os
vertebrados e o nosso cérebro são dotados da mesma freqüência de 7,83 hertz.
Empiricamente fez-se a constatação de que não podemos ser saudáveis fora dessa
frequência biológica natural. Sempre que os astronautas, em razão das viagens
espaciais, ficavam fora da ressonância Schumann, adoeciam. Mas submetidos à ação
de um simulador Schumann recuperavam o equilíbrio e a saúde.
Por milhares de anos as batidas do coração da Terra tinham essa freqüência de
pulsações e a vida se desenrolava em relativo equilíbrio ecológico.
Ocorre que a partir dos anos 80, e de forma mais acentuada a partir dos anos
90, a frequência passou de 7,83 para 11 e para 13 hertz por segundo. O coração da
Terra disparou.
Coincidentemente, desequilíbrios ecológicos se fizeram sentir: perturbações
climáticas, maior atividade dos vulcões, crescimento de tensões e conflitos no mundo
e aumento geral de comportamentos desviantes nas pessoas, entre outros. Devido à
aceleração geral, a jornada de 24 horas, na verdade, é somente de 16 horas. Portanto, a
percepção de que tudo está passando rápido demais não é ilusória, mas teria base real
nesse transtorno da ressonância Schumann.
Gaia, esse superorganismo vivo que é a Mãe Terra, deverá estar buscando formas de
retornar a seu equilíbrio natural. E vai consegui-lo, mas não sabemos a que preço a ser
pago pela biosfera e pelos seres humanos.
Aqui abre-se o espaço para grupos esotéricos e outros futuristas projetarem
cenários, ora dramáticos, com catástrofes terríveis, ora esperançadores, como a
irrupção da quarta dimensão, pela qual todos seremos mais intuitivos, mais espirituais
e mais sintonizados com o biorritmo da Terra.
Não pretendo reforçar esse tipo de leitura. Apenas enfatizo a tese recorrente
entre grandes cosmólogos e biólogos de que a Terra é, efetivamente, um
Ressonância Schumann
09
superorganismo vivo, de que Terra e Humanidade formam uma única entidade,
como os astronautas testemunham de suas naves espaciais. Nós, seres humanos,
somos Terra que sente, pensa, ama e venera.
Porque somos isso, possuímos a mesma natureza bioelétrica e estamos
envoltos pelas mesmas ondas ressonantes Schumann.
Se queremos que a Terra reencontre seu equilíbrio, devemos começar por nós
mesmos: fazer tudo sem estresse, com mais serenidade, com mais amor, que é uma
energia essencialmente harmonizadora. Para isso importa termos coragem de ser
anticultura dominante, que nos obriga a ser cada vez mais competitivos e efetivos.
Precisamos respirar juntos com a Terra, para conspirar, com ela, pela Paz.
- Sejamos os coelhos que chocam o coração da Terra!
Artigo de Leonardo Boff, publicado no JB [05/MAR/2004]
10
Podemos compreender todo o mundo visível com a ajuda do pensar. Podemos
também vivenciar o mundo da religiosidade – o mundo espiritual invisível – através
de idéias e ideais. Quem examina mais de perto a natureza de seus ideais, conhece um
aspecto da vida do pensar que normalmente está oculto: ou seja, os pensamentos são
forças e não meras imagens representativas nebulosas.
De onde vêm essas forças? A pessoa que reconhece os dois ideais do
Cristianismo – a liberdade e o amor – vivencia que não existe nada na vida humana
que não esteja relacionado a esses dois ideais. Quem aspira por eles consegue se
sobrepor a todas as situações da vida, torna-se imbatível e sente-se sustentado por uma
grande força. Essa força se origina do ser que se manifesta ao espírito humano através
desses ideais. Quer dizer, se esse ideal vive numa pessoa, também vive nela o ser que
está ligado a esse ideal. Assim, a força dos ideais emana dos próprios seres do mundo
espiritual.
Qual é, então, o ideal através do qual o Anjo pode nos doar sua força? É o ideal
do altruísmo, pois essa é a qualidade que pode ser identificada mais intensamente com
o Anjo. Ele está sempre presente, sempre pronto a ajudar, sempre desperto,
acompanha-nos por todos os altos e baixos do desenvolvimento, sem jamais exigir
algo para si. Ele é fiel a nós; ele espera, nos acompanha, está sempre à disposição.
Dessa forma o ser humano pode aproximar-se do mundo invisível com inteira
liberdade e consciência. Se, de início, apenas pensamos nos seres mais elevados, isto
pode ser considerado um primeiro contato bem leve. Porém, no instante em que
decidimos considerar um pensamento tão essencial, a ponto de nos ligarmos
totalmente a ele, de nos identificarmos com ele e procurarmos nos transformar
naquilo que corresponde ao ideal, vivenciamos a força e a realidade do ser espiritual
que se manifesta através desse pensamento. Se, mais tarde, nos tornarmos infiéis a um
ideal desses, será possível sentirmos claramente como essa força nos abandona.
Podemos então nos considerar “abandonados por todos os bons espíritos”, como diz o
provérbio. Contudo, se novamente voltamos a estabelecer esse relacionamento, o
mundo espiritual torna a se aproximar de nós. Os seres do mundo espiritual estão
constantemente em nós e à nossa volta; o grau de sua atuação e ajuda depende, porém,
da forma como queremos nos unir a eles.
Sempre que elevamos uma idéia à condição de ideal, podemos estabelecer
relação com um ser do mundo espiritual, por meio dessa identificação. E há muitas
qualidades a serem consideradas. Fidelidade é uma coisa, altruísmo é outra; amor é
O Encontro Com O Anjo Através Do Pensar
11
uma coisa, coragem é outra; paz é uma coisa e quietude é outra. Basta nos dedicarmos
a um desses ideais para sermos tocados pela força que vive nele, uma força que pode
atuar em nós e que provém de um ser espiritual.
Façamos com que o Espírito Pascal inunde a nossa vida com esses ideais
elevados!
Michaela Gloeckler
Trecho do livro Eltern Sprechstunde - Consultório de Pais
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Não é interessante pensarmos que carregamos em nós todo o potencial
de transformação de que necessitamos? Quantas vezes queremos mudar nossa
vida, as pessoas que nos rodeiam, as situações que vivemos, e nos frustramos,
porque não reconhecemos que, para alcançarmos vôos mais altos, para sermos
mais belos, plenos e realizados, precisamos, antes de mais nada, entrar em
nosso casulo, em nosso refúgio interior, para daí, com nossos próprios
recursos, tecermos nossa transformação. E então participarmos da jornada em
busca da plenitude.
É disto que se trata: da transformação necessária da lagarta que somos
para a borboleta que almejamos e podemos ser.
Maria Salette / Wilma Ruggeri (De lagarta a borboleta)
Quando a noite pousa sua mão estrelada sobre nossa cabeça,
entregamos o corpo e a alma ao repouso – a esse instante de renovação em que
“não somos” – alguma coisa, no infinito, continua zelando pela harmonia de
tudo.
Luiz Carlos Lisboa (O som do silêncio)
Quando quiseram saber do pensador Karl Jaspers por que não viajava,
ele explicou que podia vir a saber, dentro de casa, tudo o que valia a pena saber.
O encanto das viagens não está nas mudanças de cenário, ou na fuga à vida de
todo dia, mas nas descobertas que se sucedem no espírito do viajante. Assim
são as peregrinações, as que valem a pena. Se a viagem externa – aquela que
nos leva de um lugar a outro do mapa – não se fizer acompanhar de uma
viagem interior, o cavaleiro estará vivendo talvez, no seu percurso, a mesma
experiência da sua montaria.
Luiz Carlos Lisboa (O som do silêncio)
Paisagens Pascais...
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“Este lugar, como é lindo! Esta paz, este vento fresco, os sons de vários
pássaros...
O céu? Nossa, o céu está maravilhoso, com várias nuvens compondo muitas
formas!
Se eu fechar os olhos, escuto os cavalos andando na água, o som do vento,
dos animais se mexendo e lá no fundo, o som da chuva vindo...
O sol está forte, mas o vento também.
Árvores grandes, pequenas, mato baixo, mato alto, tudo aqui é tão verde!
Todos deviam apreciar a beleza deste lugar, a paz interior que Ele dá.
Deveríamos parar para observar, sentir o máximo possível das coisas ao
redor, nem que seja por cinco minutos.”
Iara Piaseck – 10º ano
A Páscoa é uma época para renascer, refletir sobre nossos atos e reascender a
chama de nossos corações.
É o surgimento de coisas novas, é uma época de paz que se pode comemorar
alegremente.
É representada por coelhos e ovos de chocolate, mas o que isso significa
realmente para nós é o nosso coração e nossa paz que estão ligados ao coração do
mundo.
O renascimento de Cristo nos diz que o mundo pode renascer como um
mundo melhor, um planeta completamente diferente.
Carolina Bresser – 8 º ano
A Páscoa é um momento de reflexão em que repensamos nossos atos.
Pensamos: o que farei para ser melhor? Eu estou dando o melhor de mim?
É uma época importante que serve também para nos desculparmos com um
amigo, um familiar, um conhecido...
Serve para revermos nossos conceitos, para quebrar barreiras, ampliar
nossos horizontes.
Mas serve principalmente para amarmos. E não só nossos amigos, também
nossos inimigos.
Porque é muito fácil amar a quem nos compreende, aquele com quem temos
afinidade.
O difícil é amar aqueles que em nossa opinião são “chatos”.
Temos de demonstrar também o carinho, o afeto, o Amor que sentimos.
E tentar nos aproximar dos que não temos contato.
Fazendo tudo isso, cresceremos espiritualmente e alcançaremos a Paz.
Mariana Pona – 8 º ano
O significado da Páscoa é a renovação da alma. É nos sentirmos bons, como
se tivéssemos uma chance para consertar nossos erros.
Isadora Zanin – 8 º ano
14
Sofia, brincando no pátio do Jardim, subiu no trepa-trepa, pendurou-se e
não conseguiu voltar com as perninhas para a escada. A professora Cida que a tudo
assistia, aproximou-se e falou-lhe: – Sofia, suas pernas ainda são tão pequenas... só
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