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Educação intercultural e práticas decoloniais na educação básica
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não indígenas na condução de políticas governamentais. O
ingresso de indígenas no ensino superior público atualmente tem
se dado com maior impacto através de dois vieses de
experiências: cursos específicos e diferenciados e vagas especiais
ou suplementares em cursos regulares.
Segundo Lima (2012), a população indígena no Brasil está
distribuída em 305 povos, falando 274 línguas distintas,
presentes
em todos os estados da Federação. De acordo o IBGE (2010), a
população de autodeclarados indígenas no Brasil é de 817.963,
compondo aproximadamente 0,4% do número total de brasileiros.
Quanto à quantidade da população indígena que cursa o ensino
superior, havia uma estimativa de imprecisamente 1.300
estudantes neste nível de ensino no ano de 2004.
Para Bergamaschi, Doebber e Brito (2018), os poucos
dados existentes sobre as possibilidades garantidoras de
permanência dos indígenas
no ensino superior, aponta-se uma
atenção inicial maior nos programas de ações afirmativas do
acesso à faculdade, deixando para depois a questão de
permanência, devido à complexidade de especificação das
situações que envolve esta segunda fase. Porém não descartam a
necessidade também de haver apoio à continuidade dos estudos:
“se o acesso dá
de forma diferenciada, as condições de
permanência têm que ser adequadas para
os que ingressarem”
(PAULINO, 2008, p. 148).
Há uma necessidade de haver “uma política planejada de
acesso e permanência dos indígenas na instituição, que conduza a
um bom desempenho acadêmico e, consequentemente, à
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Educação intercultural e práticas decoloniais na educação básica
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formação com qualidade” (PEREIRA, 2011, p.9). Fatores como:
residência universitária, recursos para locomoção de estudantes
indígenas para a aldeia à universidade
contribuiriam para um
menor índice de desistência, criação de programa de monitoria
indígena, ampliação de oferta de bolsa- permanência e a criação de
grupos de trabalho indígenas (PEREIRA, 2011). Desde 2013, o
Ministério da Educação (MEC) instituiu em 2013, para os alunos
quilombolas, indígenas e em situação de vulnerabilidade
socioeconômica que ingressaram nas instituições
federais de
ensino superior, através de ações afirmativas, bolsa- permanência.
Gersem José dos Santos Luciano, do povo Baniwa,
atualmente, é considerado grande intelectual indígena, titulado
doutor pela Universidade de Brasília, sendo aluno em período em
que não havia, sequer, apoio por parte do Estado, sendo uma das
referências sobre educação escolar indígena (BERGAMASCHI,
DOEBBER, BRITO, 2018, p. 45).
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