ReFlita e RespONda
1.
Márcia Tiburi faz uma associação entre a democracia e uma prática cotidiana que pode ser enten-
dida com uma postura ética diante da vida e dos outros. Explique como ela faz essa associação.
2.
No documento 2, o personagem Calvin é assolado por um questionamento ético. Qual é esse ques-
tionamento e qual é a implicação ética mais ampla proposta no quadrinho?
3.
Em seu artigo, Wanderley Guilherme dos Santos afirma que uma reforma política não basta para
superar os problemas políticos da corrupção. Por que ele afirma isso?
4.
Existe uma relação entre o quadrinho de Calvin e aquilo que foi defendido no texto de Wanderley
Guilherme dos Santos. Qual é essa relação?
5.
Com base na leitura dos três documentos, elabore um texto explicando por que a democracia e a
ética são duas posturas relacionadas e que exigem um esforço cotidiano para se realizar individual
e coletivamente.
dOcuMeNtO 3 –
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O escritor e cientista
político Wanderley
Guilherme dos Santos
em 2006.
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A língua de que usam, por toda a costa, carece de
três letras; convém a saber, não se acha nela F, nem L, nem
R, coisa digna de espanto, porque assim não têm Fé, nem
Lei, nem Rei, e essa maneira vivem desordenadamente,
sem terem além disto conta, nem peso, nem medida.
GÂNDAVO, P M. A primeira história do Brasil: história da província
de Santa Cruz a que vulgarmente chamamos Brasil.
Rio de Janeiro: Zahar, 2004 (adaptado).
A observação do cronista português Pero de
Magalhães de Gândavo, em 1576, sobre a au-
sência das letras F, L e R na língua menciona-
da demonstra a:
a) simplicidade da organização social das
tribos brasileiras.
b) dominação portuguesa imposta aos ín-
dios no início da colonização.
c) superioridade da sociedade europeia em
relação à sociedade indígena.
d) incompreensão dos valores socioculturais
indígenas pelos portugueses.
e) dificuldade experimentada pelos portu-
gueses no aprendizado da língua nativa.
Essas imagens de dom Pedro II foram feitas no
início dos anos de 1850, pouco mais de uma
década após o Golpe da Maioridade. Consi-
derando o contexto histórico em que foram
produzidas e os elementos simbólicos desta-
cados, essas imagens representavam um:
a) jovem imaturo que agiria de forma irres-
ponsável.
b) imperador adulto que governaria segundo
as leis.
c) líder guerreiro que comandaria as vitórias
militares.
d) soberano religioso que acataria a autori-
dade papal.
e) monarca absolutista que exerceria seu
autoritarismo.
O que implica o sistema da pólis é uma extraordiná-
ria preeminência da palavra sobre todos os outros instru-
mentos do poder. A palavra constitui o debate contraditó-
rio, a discussão, a argumentação e a polêmica. Torna-se a
regra do jogo intelectual, assim como do jogo político.
VERNANT, J. P. As origens do pensamento grego.
Rio de Janeiro: Bertrand, 1992 (adaptado).
Na configuração política da democracia gre-
ga, em especial a ateniense, a ágora tinha
por função
a) agregar os cidadãos em torno de reis que
governavam em prol da cidade.
b) permitir aos homens livres o acesso às de-
cisões do Estado expostas por seus magis-
trados.
c) constituir o lugar onde o corpo de cida-
dãos se reunia para deliberar sobre as
questões da comunidade.
d) reunir os exércitos para decidir em assem-
bleias fechadas os rumos a serem toma-
dos em caso de guerra.
e) congregar a comunidade para eleger re-
presentantes com direito a pronunciar-se
em assembleias.
Ninguém nasce mulher: torna-se mulher. Nenhum
destino biológico, psíquico, econômico define a forma que
a fêmea humana assume no seio da sociedade; é o conjun-
to da civilização que elabora esse produto intermediário
entre o macho e o castrado que qualifica o feminino.
BEAUVOIR, S. O segundo sexo. Rio de Janeiro: Nova Fronteira. 1980.
Na década de 1960, a proposição de Simone
de Beauvoir contribuiu para estruturar um
movimento social que teve como marca o(a):
a) ação do Poder Judiciário para criminalizar
a violência sexual.
b) pressão do Poder Legislativo para impedir
a dupla jornada de trabalho.
c) organização de protestos públicos para
garantir a igualdade de gênero.
d) oposição de grupos religiosos para impe-
dir os casamentos homoafetivos.
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e) estabelecimento de políticas governa-
mentais para promover ações afirmativas.
Os calendários são fontes históricas im-
portantes, na medida em que expressam a
concepção de tempo das sociedades. Essas
imagens compõem um calendário medieval
(1460-1475) e cada uma delas representa
um mês, de janeiro a dezembro. Com base
na análise do calendário, apreende-se uma
concepção de tempo:
a) cíclica, marcada pelo mito arcaico do
eterno retorno.
b) humanista, identificada pelo controle
das horas de atividade por parte do tra-
balhador.
c) escatológica, associada a uma visão reli-
giosa sobre o trabalho.
d) natural, expressa pelo trabalho realizado
de acordo com as estações do ano.
e) romântica, definida por uma visão bucóli-
ca da sociedade.
Ao deflagrar-se a crise mundial de 1929, a situação
da economia cafeeira se apresentava como se segue. A
produção, que se encontrava em altos níveis, teria que
seguir crescendo, pois os produtores haviam continua-
do a expandir as plantações até aquele momento. Com
efeito, a produção máxima seria alcançada em 1933, ou
seja, no ponto mais baixo da depressão, como reflexo
das grandes plantações de 1927-1928. Entretanto, era
totalmente impossível obter crédito no exterior para
financiar a retenção de novos estoques, pois o merca-
do internacional de capitais se encontrava em profunda
depressão, e o crédito do governo desaparece com a eva-
poração das reservas.
FURTADO, C. Formação econômica do Brasil. São Paulo:
Cia. Editora Nacional, 1997 (adaptado).
Uma resposta do Estado brasileiro à conjun-
tura economia mencionada foi o(a):
a) atração de empresas estrangeiras.
b) reformulação do sistema fundiário.
c) incremento da mão de obra imigrante.
d) desenvolvimento de política industrial.
e) financiamento de pequenos agricultores.
O problema central a ser resolvido pelo Novo Regime
era a organização de outro pacto de poder que pudesse
substituir o arranjo imperial com grau suficiente de esta-
bilidade. O próprio presidente Campos Sales resumiu cla-
ramente seu objetivo: “É de lá, dos estados, que se governa
a República, por cima das multidões que tumultuam agita-
das nas ruas da capital da União. A política dos estados é a
política nacional”.
CARVALHO. J. M. Os bestializados: o Rio de Janeiro
e a República que não foi. São Paulo:
Companhia das Letras, 1987 (adaptado).
Nessa citação, o presidente do Brasil no pe-
ríodo expressa uma estratégia política no
sentido de:
a) governar com a adesão popular.
b) atrair o apoio das oligarquias regionais.
c) conferir maior autonomia às prefeituras.
d) democratizar o poder do governo central.
e) ampliar a influência da capital no cenário
nacional.
Texto I
Olhamos o homem alheio às atividades públicas não
como alguém que cuida apenas de seus próprios interes-
ses, mas como um inútil; nós, cidadãos atenienses, deci-
dimos as questões públicas por nós mesmos na crença de
que não é o debate que é empecilho à ação, e sim o fato
de não se estar esclarecido pelo debate antes de chegar
a hora da ação.
TUCÍDIDES. História da Guerra do Peloponeso.
Brasília: UnB, 1987 (adaptado).
Texto II
Um cidadão integral pode ser definido por nada
mais nada menos que pelo direito de administrar justiça
e exercer funções públicas; algumas destas, todavia, são
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limitadas quanto ao tempo de exercício, de tal modo que
não podem de forma alguma ser exercidas duas vezes pela
mesma pessoa, ou somente podem sê-lo depois de certos
intervalos de tempo prefixados.
ARISTÓTELES. Política. Brasilía: UnB, 1985.
Comparando os textos I e II, tanto para Tu-
cídides (no século V a.C.) quanto para Aris-
tóteles (no século IV a.C.), a cidadania era
definida pelo(a):
a) prestígio social.
b) acúmulo de riqueza.
c) participação política.
d) local de nascimento.
e) grupo de parentesco.
Três décadas – de 1884 a 1914 – separam o século
XIX – que terminou com a corrida dos países europeus para
a África e com o surgimento dos movimentos de unifica-
ção nacional na Europa – do século XX, que começou com
a Primeira Guerra Mundial. É o período do Imperialismo,
da quietude estagnante na Europa e dos acontecimentos
empolgantes na Ásia e na África.
ARENDT. H. As origens do totalitarismo. São Paulo:
Cia. das Letras, 2012.
O processo histórico citado contribuiu para
a eclosão da Primeira Grande Guerra na me-
dida em que:
a) difundiu as teorias socialistas.
b) acirrou as disputas territoriais.
c) superou as crises econômicas.
d) multiplicou os conflitos religiosos.
e) conteve os sentimentos xenófobos.
Seguiam-se vinte criados custosamente vestidos e mon-
tados em soberbos cavalos; depois destes, marchava o Embai-
xador do Rei do Congo magnificamente ornado de seda azul
para anunciar ao Senado que a vinda do Rei estava destinada
para o dia dezesseis. Em resposta obteve repetidas vivas do
povo que concorreu alegre e admirado de tanta grandeza.
Coroação do Rei do Congo em Santo Amaro, Bahia apud
DEL PRIORE, M. Festas e utopias no Brasil colonial.
In: CATELLI JR, R. Um olhar sobre as festas populares brasileiras.
São Paulo: Brasiliense, 1994 (adaptado).
Originária dos tempos coloniais, as festas da
Coroação do Rei do Congo evidenciam um
processo de:
a) exclusão social.
b) imposição religiosa.
c) acomodação política.
d) supressão simbólica.
e) ressignificação cultural.
Na imagem, da década de 1930, há uma críti-
ca à conquista de um direito pelas mulheres,
relacionado com a:
a) redivisão do trabalho doméstico.
b) liberdade de orientação sexual.
c) garantia da equiparação salarial.
d) aprovação do direito ao divórcio.
e) obtenção da participação eleitoral.
No final do século XIX, as Grandes Sociedades carna-
valescas alcançaram ampla popularidade entre os foliões
cariocas. Tais sociedades cultivavam um pretensioso obje-
tivo em relação à comemoração carnavalesca em si mes-
ma: com seus desfiles de carros enfeitados pelas principais
ruas da cidade, pretendiam abolir o entrudo (brincadeira
que consistia em jogar água nos foliões) e outras práticas
difundidas entre a população desde os tempos coloniais,
substituindo-os por formas de diversão que consideravam
mais civilizadas, inspiradas nos carnavais de Veneza. Con-
tudo, ninguém parecia disposto a abrir mão de suas diver-
sões para assistir ao carnaval das sociedades. O entrudo,
na visão dos seus animados praticantes, poderia coexistir
perfeitamente com os desfiles.
PEREIRA, C. S. Os senhores da alegria: a presença das mulheres
nas Grandes Sociedades carnavalescas cariocas em fins do
século XIX. In: CUNHA, M. C. P. Carnavais e outras festas:
ensaios de história social da cultura. Campinas: Unicamp;
Cecult, 2002 (adaptado).
Manifestações culturais como o carnaval
também têm sua própria história, sendo
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constantemente reinventadas ao longo do
tempo. A atuação das Grandes Sociedades,
descrita no texto, mostra que o carnaval re-
presentava um momento em que as:
a) distinções sociais eram deixadas de lado
em nome da celebração.
b) aspirações cosmopolitas da elite impe-
diam a realização da festa fora dos clubes.
c) liberdades individuais eram extintas pelas
regras das autoridades públicas.
d) tradições populares se transformavam
em matéria de disputas sociais.
e) perseguições policiais tinham caráter xenó-
fobo por repudiarem tradições estrangeiras.
Durante a realeza, e nos primeiros anos republicanos, as
leis eram transmitidas oralmente de uma geração para outra.
A ausência de uma legislação escrita permitia aos patrícios ma-
nipular a justiça conforme seus interesses. Em 451 a.C., porém,
os plebeus conseguiram eleger uma comissão de dez pessoas
– os decênviros – para escrever as leis. Dois deles viajaram a Ate-
nas, na Grécia, para estudar a legislação de Sólon.
COULANGES, F. A cidade antiga. São Paulo: Martins Fontes, 2000.
A superação da tradição jurídica oral no
mundo antigo, descrita no texto, esteve re-
lacionada à:
a) adoção do sufrágio universal masculino.
b) extensão da cidadania aos homens livres.
c) afirmação de instituições democráticas.
d) implantação de direitos sociais.
e) tripartição dos poderes políticos.
Rua Preciados, seis da tarde. Ao longe, a massa humana
que abarrota a Praça Puertal Del Sol, em Madri, se levanta. Um
grupo de garotas, ao ver a cena, corre em direção à multidão.
Milhares de pessoas fazem ressoar o Slogan: “Que não, que
não, que não nos representem”. Um garoto fala pelo megafo-
ne: “Demandamos submeter a referendo o resgate bancário”.
Rodriguez. O. Puerta Del Sol, o grande alto-falante.
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