FECHANDO
A UNIDADE
FECHANDO A UNIDADE
A
seguir, você encontrará três documentos que abordam a questão da ética. O primeiro deles é
um trecho do livro da filósofa brasileira Márcia Tiburi,
Como conversar com um fascista, no qual a
autora associa democracia com ética e discute isso a partir do cotidiano. O segundo documento é
um quadrinho da série
Calvin e Haroldo, criado por Bill Watterson. Já o terceiro é um trecho de um
artigo do cientista político brasileiro Wanderley
Guilherme dos Santos, no qual ele discute a ques-
tão da corrupção no Brasil. Após a leitura do material proposto, responda ao que se pede.
O afeto que anima a democracia é político, no seu sen-
tido mais simples: produz elos, uniões,
coletivos, transfor-
mações. Fica fácil entender se pensarmos que a democra-
cia é bonita como é bonita uma festa em que pessoas se
alegram com o que tem em termos de lugar,
bebida e co-
mida, danças e cerimônias. O principal da festa é a alegria.
Com ela qualquer festa é possível. Mas uma festa precisa
ser minimamente produzida. Alguém tem que achar o lu-
gar, a música, algo para comer. Penso na beleza das festas
mais simples em que tudo se move em nome do simples
fato de que confraternizar,
de estar juntos alegremente,
é possível. Bom lembrar que a festa não está pronta se, de
mau humor, não nos propusermos a ela.
A democracia é um regime político e uma prática de
governo, mas é também um ritual diário – como estar
em festa no mundo com o que há de mais simples – que
precisamos praticar em família e no trabalho, na casa, na
rua, no mundo virtual. Não há democracia sem respeito à
singularidade e aos direitos fundamentais que o Estado,
cada instituição, cada cidadão,
deve ao outro com quem
compartilha a vida, pública e privada.
A democracia é, portanto, uma forma política cuja
característica é a alegria. A democracia é sempre alegre.
A alegria é a força revolucionária interna à democracia.
Mas ela precisa ser defendida para poder perdurar, porque
a democracia é delicada. Porque a democracia é sempre
criança. A imagem de uma criança
que precisa de amor, de
atenção, de cuidados para poder se tornar um adulto for-
te e preparado para a vida é sua expressão mais simples.
Quem luta contra essa criança é perverso, ou autoritário.
TIBURI, márcia.
Como conversar com um fascista.
Rio de Janeiro: Record, 2015, arquivo digital sem paginação.
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