anos de chumbo (1969-1974)
Oito meses depois de ter decretado o AI-5, Costa e Silva afastou-se da
Presidência por problemas de saúde. Seu vice-presidente, o mineiro Pedro
Aleixo, foi impedido de assumir o cargo (sofria de trombose). Uma Junta Mi-
litar composta dos ministros da Guerra, Marinha e Aeronáutica governou o
Brasil até o final de outubro de 1969, quando um novo presidente foi eleito
pelo Congresso: o general Emílio Garrastazu Médici.
Durante o governo Médici, uma rede de órgãos repressivos funcionava
para manter os grupos de esquerda (e toda a sociedade) coagidos, por meio
da censura e da repressão policial contínuas. Além do Serviço Nacional de
Informações (SNI), órgão de vigilância e controle criado em 1964, o governo
contava também com os Departamentos de Ordem Política e Social (Dops),
que eram estaduais. Em 1969, criou-se a Operação Bandeirante (Oban), em
São Paulo. Mais tarde, esta deu origem ao Departamento de Operações Inter-
nas e Centro de Operações de Defesa Interna (DOI-CODI).
a ajuda dos empresários à repressão
A reestruturação da PE paulista e a Opera-
ção Bandeirante foram socorridas por uma “cai-
xinha” a que compareceu o empresariado pau-
lista. A banca achegou-se no segundo semestre
de 1969, reunida com Delfim [Neto, Ministro da
Fazenda] num almoço no palacete do clube São
Paulo, velha casa de dona Vendiana Prado. O en-
contro foi organizado por Gastão Vidigal, dono
do Mercantil de São Paulo e uma espécie de pa-
radigma do gênero. Sentaram-se à mesa cerca
de quinze pessoas. Representavam os grandes
bancos brasileiros. Delfim explicou que as Forças
Armadas não tinham equipamento nem verbas
para enfrentar a subversão. Precisava de bastan-
te dinheiro. Vidigal fixou a contribuição em algo
como 500 mil cruzeiros da época, equivalentes a
110 mil dólares. Para evitar pechinchas, passou
a palavra aos colegas lembrando que cobriria
qualquer diferença. Não foi necessário. Sacou
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