Comunicação
DOI – 10.5752/P.2175-5841.2017v15n47p1056
Horizonte, Belo Horizonte, v. 15, n. 47, p. 1056-1073, jul./set. 2017 – ISSN 2175-5841
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O primeiro grande movimento social brasileiro:
a campanha abolicionista (1868-1888)
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The first great Brazilian social movement:
the abolitionist campaign (1868-1888)
Ênio José da Costa Brito
“A comemoração da abolição pela elite imperial minimizou a importância do
movimento abolicionista e reiterou o mito fundacional do Império,
uma comunidade imaginada que expurgou o africano”
“Mesmo na celebração de sua liberdade, o ex-escravo foi escamoteado”.
(ALONSO, 2015, p.369)
Resumo
Nos últimos anos, o processo de Abolição tem ocupado a agenda dos historiadores(as), um dos estudos
mais amplos é o Angela Alonso, intitulado Flores, votos e balas. O movimento abolicionista Brasileiro
(1868-1888). Para a autora, a contribuição do movimento abolicionista para o termino da escravidão,
ainda não foi devidamente valorizado pela historiografia. Processo dividido por ela em três fases, cada
uma com sua especificidade: na das flores(1868-1878), o movimento abre-se para o espaço público, na
dos votos (1879-1885) atua nos espaços políticos e na das balas (1885-1888), mergulha na
clandestinidade. Ao apresentar as três fases, tem sempre presente as relações entre a campanha
abolicionista e o sistema político. O reflexo na análise desta acentuada perspectiva política foi ter
deixando na sombra a efetividade escrava ao longo de todo o processo. Flores, votos e balas recoloca na
agenda historiografia brasileira o debate sobre as causas que levaram a abolição e, implicitamente
convida os leitores(as) a refletirem sobre nossos problemas atuais, que tem suas raízes na mentalidade
escravocrata que permanece silenciosa mas viva na alma brasileira.
Palavras-chave:
Movimento social, campanha abolicionista, escravidão, aboliçao; Lei Áurea
Artigo submetido em 08 de janeiro de 2017 e aprovado em 25 de agosto de 2017.
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O objetivo desta Comunicação-resenha é oferecer ao leitor o núcleo temático do livro “
Flores, votos e balas. O Movimento
Abolicionista brasileiro (1868-1888)”, de Angela Alonso. Nas observações finais vamos explicitar a crítica fundamental da obra de
Alonso. O que justifica a opção de não se elaborar uma “resenha clássica” é o fato de termos em mãos uma obra, ainda pouco
conhecida do público em geral, que inova na forma de apresentar o movimento abolicionista, obra complexa e ampla. Ao longo da
resenha selecionamos passagens marcantes do texto, mesmo estendendo um pouco, para que o leitor possa ter a voz da autora.
Doutor em Teologia (PUG-Roma), professor titular do Programa de Estudos Pós-Graduados em Ciência da Religião da Pontifícia
Universidade Católica de São Paulo. Coordenador do Grupo de Pesquisa Veredas: O imaginário religioso Brasileiro, reconhecido pelo
CNPq. Vice Coordenador do CECAFRO e editor da Revista Último Andar. País de Origem: Brasil. E-mail: brbrito@uol.com.br