Guia de Livros Didáticos – PNLD 2010
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Não foi reapresentada nenhuma obra que tivesse sido excluída na avaliação anterior. Isso
pode indicar a permanência do mesmo conjunto de livros de três anos passados e pouco
investimento de autores e editores em reformar aquelas excluídas.
Entre outras questões identificadas em relação aos livros didáticos e ao ensino de História
nas séries iniciais, observou-se a consolidação de experiências
escolares que abordam os
conteúdos da área com temas oriundos do ideário da Escola Nova.
Constataram-se também, em vários níveis, problemas para a inclusão de conteúdos refe-
rentes à
História e às
Culturas Afro-brasileira e Indígena, tais como a ocorrência de tratamento
não-histórico na abordagem dos direitos fundamentais da pessoa humana, o que dificulta a
percepção do significado das lutas pela instituição e reconhecimento
de direitos desses grupos;
a
naturalização da escravidão e a participação dos negros identificada exclusivamente a essa
instituição; a manifestação de preconceitos pela ausência de elementos que permitam a iden-
tificação e a compreensão histórica de situações de conflitos,
de desigualdades, de dominação
e de movimentos de lutas e resistência; ou, ainda, da desconsideração da heterogeneidade
em ambos os grupos – indígenas e afrodescendentes - aparecendo enquanto povos únicos,
não tendo suas diversidades étnico-culturais reconhecidas.
Observou-se igualmente, em algumas obras inscritas, o tratamento genérico de
nordestino
aos migrantes da Região
Nordeste, sem que fossem diferenciados os processos intrarregionais
e locais, além da apresentação de um único binômio explicativo para a migração:
miséria/
seca, fato que favorece o estigma dos lugares, pouco contribuindo para a transformação social
desejada,
pautada no respeito, na igualdade e na alteridade.
Quanto à discriminação, no que concerne à iconografia, é preciso observar duas situações
diferenciadas: a primeira, quando as imagens de afrodescendentes e indígenas, e às vezes
de
mulheres, são apresentadas em posições sociais subalternas – com frequência bem maior
do que quando aparecem em situações socialmente privilegiadas – pois se considera que,
trabalhadas de forma contínua ao longo do livro, reforçariam
preconceitos estabelecidos; a
segunda, quando há a ausência completa de representantes dos grupos étnicos nas imagens
(ilustrações, fotografias, gravuras,
desenhos, pinturas), não refletindo a diversidade étnica da
sociedade brasileira.
Das coleções avaliadas, 32 foram aprovadas e serão apresentadas neste guia.
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