As melhorias na qualidade de vida do trabalhador O sistema utilizado nas fábricas têxteis não era somente um dos mais produ-
tivos, mas também um dos mais desumanos e insalubres para os trabalhadores. Os
movimentos pelas reformas trabalhistas em meados de 1800 vieram ao encontro dos
anseios dos trabalhadores da indústria têxtil. (YAFA, 2005 apud BURNS e BRYANT,
2007).
Nas primeiras décadas do século XIX, surgiram leis em defesa dos trabalhadores,
mas a seu cumprimento ainda não era efetivo. A proibição do trabalho noturno (das
sete e meia da noite às cinco e meia da manhã) para menores de 21 anos e a jornada
máxima de doze horas (nove aos sábados) são algumas dessas leis. Mas a maior rei-
vindicação era pela jornada máxima de dez horas aos menores de 18 anos. Em 1833
algumas leis limitaram em no máximo doze horas o trabalho aos menores de 18 anos.
Naturalmente, inspetores do trabalho ainda flagraram indústrias nas quais as crianças
trabalhavam por quatorze ou dezesseis horas. (ENGELS, 2008).
Poucos patrões, segundo Henderson (1969), tratavam seus operários de modo
humano e civilizado. Estes poucos conscientes, reduziam as horas excessivas, pa-
gavam um pouco mais que a média, e ofereciam aos seus operários cantinas, salas
de leitura, casas decentes e serviços de saúde. Um exemplo é Robert Owen que nos
primeiros anos do século XIX, transformou suas fábricas de algodão em um modelo.
Introduziu a jornada de trabalho de dez horas, não empregava crianças muito novas
e concedeu várias regalias aos operários e suas famílias. Outro exemplo é Titus Salt,
fabricante de lã, que construiu uma cidade modelo para seus 3 000 funcionários,
com toda a infraestrutura necessária. As casas eram bem construídas e havia hospital,
escola, igrejas, entre outros serviços.
Na primeira metade do século XIX começaram algumas reformas legislativas
que favoreciam os operários. Em 1831, uma lei determinou o pagamento de todos os
salários em dinheiro, ao invés de vales; em 1833, houve a proibição do emprego de
crianças menores de nove anos, limitando a jornada daqueles entre nove e dezoito
anos e proibindo o seu trabalho noturno. Com o registro obrigatório dos nascimen-
tos em 1837, foi possível fiscalizar as idades das crianças. Finalmente em 1847, a Lei
das Dez Horas limitou o trabalho semanal das mulheres e menores de dezoito anos a
58 horas, com no máximo dez horas diárias. (HENDERSON, 1969).
Uma importante melhoria para os trabalhadores influenciou na qualidade de
vida de toda a sociedade – a reforma sanitária ocorrida a partir de 1850. Quando se
percebeu os riscos de contágio de doenças como cólera e tifo, foram tomadas me-
didas para a limpeza das cidades. Também ocorreram avanços nos conhecimentos
médicos, expansão dos serviços hospitalares, estabelecimentos de lavabos e banhos
públicos. Soma-se a isso a iluminação das cidades à noite e a criação das forças poli-
ciais. (HOBSBAWM, 2009; HENDERSON, 1969).
Uma análise crítica das condições de trabalho na indústria têxtil
desde a industrialização do setor até os dias atuais
83 HFD Revista, v.5, n.10, p.73-90, ago/dez 2016
Tatiana Castro Longhi
Flávio Anthero Nunes Vianna dos Santos