A privatização das estatais
Nesse mesmo período, o governo brasileiro criou incentivos fiscais e promoveu a privatização de
empresas estatais para estimular os investimentos externos no Brasil. Desse modo, o Estado deu
início a um acelerado processo de abertura da economia ao capital internacional, porém sem
apresentar um projeto de estruturação voltado ao mercado interno. Ganharam espaço, então, as
multinacionais, que compraram muitas dessas empresas ou associaram-se a elas; em apenas uma
década, dobrou a participação do capital externo em empresas nacionais, inclusive nas estatais que
foram privatizadas. Veja o quadro a seguir.
Nome da
antiga
empresa
estatal
Nome da
atual empresa
privatizada
Setor
Data da
privatização
Origem da maior
parte do capital
comprador
Valor em reais
(de acordo com a
cotação do dólar
no dia da venda)
Banespa
Santander
Finanças
20/11/2000
Espanhola
7,05 bilhões
Light
Light
Energia elétrica
21/5/1996
Francesa
2,35 bilhões
Embratel
Embratel
Telecomunicações
15/1/1999
Mexicana
2,27 bilhões
Usiminas
Usiminas
Siderúrgica e
metalúrgica
24/10/1991
Nipo-brasileira
1,94 bilhões
Cerj
Cerj
Energia elétrica
20/11/1996
Espanhola
590 bilhões
Ceg
Ceg
Rio Distribuição de
gás
14/7/1997
Estadunidense-
espanhola
430 milhões
Escelsa
Escelsa
Energia elétrica
11/7/1995
Portuguesa
430 milhões
Fonte: BIONDI, Aloysio.
O Brasil privatizado: um balanço do desmonte do Estado. São Paulo: Fundação Perseu Abramo, 2003.
O advento das multinacionais provocou a queda maciça de empregos no país. Todo o investimento
tecnológico empreendido por essas empresas resultou na diminuição do quadro de funcionários.
Além da tecnologia aplicada na estrutura operacional, com a introdução de robôs, máquinas
digitais e informatizadas e técnicas toyotistas de produção, as multinacionais repassaram serviços
para empresas terceirizadas e instauraram redes de subcontratação, nas quais os salários
oferecidos eram inferiores aos que vigoravam antes dessas mudanças. O processo de privatização,
de modo geral, acentuou o desemprego e piorou as condições de trabalho nos diversos setores
envolvidos.
Zeca Guimarães/Folhapress
A Companhia Siderúrgica Nacional (CSN), localizada em Volta Redonda, no Rio de Janeiro, foi privatizada em 1993, sob protesto de
seus funcionários e da população local.
Página 204
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