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mulheres foi, durante muito tempo, uma arte
sem história. E como, nas
últimas décadas, passou a ser, também, uma arte
com história. Mesmo
que, como explicarei ao longo do texto, seja sempre mais difícil encon-
trar objectos e documentos para escrever sobre assuntos que, durante
muito tempo, não foram considerados relevantes.
Há mulheres artistas muito prestigiadas e reconhecidas que eu
nem refiro e outras que, apesar de menos conhecidas, são relevantes
para o meu argumento e, por isso, mencionadas. A “qualidade” das ar-
tistas, esse conceito tão fundamental à história da arte, não é indispen-
sável para este livro. Muito mais importante é tentar explicar como é
que essa premissa da “qualidade” serviu, tantas vezes, para desclassifi-
car ou ignorar a obra de mulheres artistas. Todo o livro é também uma
tentativa de demonstrar como uma perspectiva feminista é relevante
para a história da arte, não como sendo a única abordagem, ou a mais
válida, mas sim como sendo uma das múltiplas abordagens críticas
que contribuem para melhor compreender os seus objectos de estudo.
Há historiadores da arte que consideram muitas das abordagens des-
te livro como sendo do âmbito da história ou da sociologia e não da
história da arte. Não concordo e penso que a vasta bibliografia sobre o
assunto, publicada nos últimos quarenta anos, demonstra como estes
também são problemas da história da arte em si.
Para que este projecto de escrita e de publicação fosse possí-
vel, houve muitas pessoas indispensáveis. Ao convidar-me, em 2005,
para dar um curso intensivo no Museu de Serralves onde eu pude es-
colher o tema, a minha amiga Sofia Victorino deu-me a possibilidade
de me dedicar a fundo, pela primeira vez, a um assunto que já me in-
teressava desde há muito, mas que ainda não tinha tido oportunidade
de explorar. Mais tarde, as nossas conversas, sempre infindáveis, e a
sua leitura de algumas secções do manuscrito vieram contribuir de
outras formas para este livro. Assim, foi após a preparação para o curso
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