A A RTE S E M H I STÓ R I A
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só lhes faltando falar
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. Para além de ser considerada a primeira pin-
tora italiana a protagonizar uma carreira de grande sucesso artístico, o
facto de ter passado uma parte significativa da sua vida adulta na corte
madrilena de Filipe II contribuiu para a sua fama internacional e soli-
dificou a sua identidade de precursora. Contemporânea de Sofonisba
foi a flamenga Levina Teerling (c. 1515-1576), também ela convidada
para a corte do rei de Inglaterra, Henrique VIII, onde se dedicou à
pintura de miniaturas, arte que aprendera com o pai. Tal como a ita-
liana, Teerling alcançou grande celebridade, permanecendo na corte
inglesa durante toda a sua vida, onde fontes oficiais reconheceram o
seu salário como tendo sido superior ao de Holbein
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.
Antes de partir para Madrid, com vinte e poucos anos, Sofonisba
já consolidara a sua carreira, trabalhando em inúmeras encomendas
de retratos para as cortes de Mantova, Ferrara, Parma ou Urbino, mas,
ao contrário de Teerling, na corte inglesa, a posição de Sofonisba na
corte espanhola não era a de pintora oficial, mas sim a mais prestigia-
da função de dama de companhia de Isabel de Valois, segunda mulher
de Filipe II. O facto de ser pintora terá sido determinante na escolha,
até porque Isabel de Valois era uma apreciadora de arte e de pintura;
porém, não sendo pintora de corte oficial, acabou por permanecer
alheia aos circuitos de encomendas oficiais, tão abundantes na corte
filipina
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. Foi durante este período, no entanto, que o papa Pio IV lhe
fez uma encomenda de um retrato de Isabel de Valois, agradecendo-
-lhe numa carta de 1561, com elogios efusivos, a chegada da obra a
Roma
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. O facto de ela não ser pintora oficial também acabou por
ser uma das razões para se saber pouco sobre o período madrileno,
quer sobre a obra realizada, quer sobre a sua vida
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