44
. Gyan Prakash refere que
Spivak afirmou algo parecido a propósito das mulheres indianas
“subalternas”
45
. Existe, hoje, um projecto histórico para “recuperar
as histórias daqueles que, tradicionalmente, foram ignorados – mu-
lheres, operários, camponeses, e minorias”, e Spivak não questiona
que esta recuperação não deva ser feita. As suas vozes devem ser
recuperadas. O problema é que o próprio projecto de recuperação
está dependente da eliminação irreversível que a história já fez das
vozes subalternas.
Em primeiro lugar, Pollock questionou o pressuposto da dis-
ciplina que estabelece uma firme divisão entre passado e presente
e que afirma que apenas a passagem do tempo permite saber quem
ficou na história – “o verdadeiro artista é unicamente o homem
morto”
46
. Este pressuposto omite o facto de a escrita sobre o passa-
do ter sempre lugar no presente, ou seja, a prática histórica é sem-
pre inseparável das configurações ideológicas do tempo e do espaço
Pollock publicado em português encontra-se no compêndio de textos feministas
editado por Ana Gabriela Macedo: “A política da teoria: gerações e geografias
na teoria feminista e na história das histórias da arte”, Ana Gabriela Macedo, ed.,
Género, Identidade e Desejo. Antologia crítica do feminismo contemporâneo
(Lisboa:
Edições Cotovia, 2002), pp. 191-220.
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