História da arte feminista: fazer perguntas diferentes
Em 1971, foi publicado o muito citado artigo de Linda Nochlin,
“Why have there been no great women artists?”, o primeiro sobre um
tema que marcará o longo e profíquo percurso académico da histo-
riadora da arte norte-americana
35
. A viver num período de grande
actividade e debate feminista no âmbito social e político, Nochlin
propôs que esta perspectiva fosse também usada para repensar as
“bases intelectuais e ideológicas das várias disciplinas intelectuais ou
académicas”
36
. Este apelo à auto-reflexão e à autoconsciência deve
ser inserido no contexto histórico daquela década, onde muitas ou-
tras vozes levaram a um repensar das estruturas de pensamento e da
própria linguagem das ciências sociais e humanas. A teoria feminista
contribuiu decisivamente para este processo de desconstrução disci-
plinar, quer de forma directa, inserindo a perspectiva das mulheres
em todas as vertentes do pensamento, quer de forma indirecta, ao for-
necer a outras disciplinas exemplos das perguntas possíveis. Em 1869,
33.
Guerrilla Girls, Bitches, Bimbos and Ballbreakers: The Guerrilla Girls’
Illustrated Guide to Female Stereotypes
(Nova Iorque: Penguin Books, 2003).
34.
Em Junho de 2011, o Rutgers Institute for Women and Art, um dos
mais importantes centros norte-americanos sobre este tema, organizou uma
Feminist Fete
para celebrar o seu quinto aniversário. As Guerrilla Girls foram as
homenageadas, através de uma exposição denominada Feminist Masked Avengers:
Guerrilla Girls, Guerrilla Girls BroadBand & Guerrilla Girls On Tour!
A exposição
apresentou alguns dos primeiros posters, assim como o seu trabalho mais recente.
35.
Linda Nochlin, “Why have there been no great women artists”, Diane
Apostolos-Cappadona e Lucinda Ebersole, eds., Women, Creativity and the Arts.
Critical and autobiographical perspectives
(Nova Iorque: Continuum, 1997), pp. 42-69
[publicado pela primeira vez na revista ARTnews (Janeiro de 1971), pp. 22-39, 67-71].
Compartilhe com seus amigos: |