33
de um homem artista também está marcado pelo facto de ele ser um
homem, tal como é indissociável do contexto geográfico, social e
cultural onde cresceu. Mas o ser “homem” nunca constititui um obs-
táculo ou uma limitação às possibilidades do seu percurso artístico
porque, ao longo da história, a masculinidade esteve implícita na
prática artística.
Em estruturas sociais onde as diferenças sexuais eram muito
marcadas, como aconteceu globalmente até há pouco tempo, e conti-
nua a acontecer em muitos países, importa questionar, por um lado,
de que forma é que isso marcou o trabalho das mulheres, a sua educa-
ção artística, a sua percepção crítica e a sua relação com instituições
artísticas, e, por outro lado, de que modo é que o facto de ser mu-
lher influenciou a sua identidade historiográfica ou, simplesmente,
a impossibilitou. Isto não significa, como já afirmei, identificar uma
arte feminina, num exercício irrelevante que se pode transformar em
mais um modo de particularizar e secundarizar a arte produzida por
mulheres. Significa, sim, analisar de que forma é que a identidade se-
xual pode determinar um percurso artístico e mesmo a natureza da
obra, algo que é visível em muitos momentos da história e que iremos
explorando ao longo do livro.
Lisboa, Julho de 2011
de las Ideas Estéticas y de las Teorías Artísticas Contemporáneas
, vol. II (Madrid: Visor,
1996), pp. 346-363.
Compartilhe com seus amigos: