Museus e exposições:
pensar as ausências, desconstruir os cânones
Como é que os museus têm pensado sobre estas questões? Também
aqui existem muitas diferenças nacionais, a contrariar as tendências,
tão repetidas, de uma globalização de ideias e saberes. A cultura mu-
seológica e curatorial de alguns países tem muito mais consciência
feminista do que a de outros países. Numa análise de exemplos con-
cretos do presente, sobretudo no mundo artístico nova-iorquino
contemporâneo, Maura Reilly conclui que “as estatísticas falam por
si mesmas”
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. Ao investigar as mulheres artistas contemporâne-
as através do preço da arte, do rácio em museus e galerias, da sua
presença em exposições temáticas e nacionais e da crítica jornalís-
tica, a autora afirma que os números persistem em demonstrar que
“a luta pela igualdade está longe de estar concluída”. Mesmo depois
de décadas de activismo anticolonial, de movimentos feministas e
anti-racistas, o mundo da arte continua a ser dominado por um olhar
euro-americano, branco, privilegiado e, sobretudo, masculino.
Pensemos no exemplo das colecções da Tate (Tate Britain e
Tate Modern, em Londres, Tate Liverpool e Tate St. Ives). As suas
colecções, iniciadas no século XIX e ampliadas ao longo do sécu-
lo XX, são o produto típico da sua época no que refere à compra
e exposição da produção artística de mulheres: as obras de arte de
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Maura Reilly, “Introduction”, Global Feminisms. New directions in
contemporary art
(Londres e Nova Iorque: Merrell, Brooklyn Museum, 2007),
Catálogo de Exposição, pp. 15-45, p. 19.
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