323
. Só a Universidade de Aveiro possui
um exemplar do
Women, Art and Power and Other Essays
324
. A conclu-
são é evidente. Os poucos livros que existem – uma monografia de um
“grande” artista como Van Gogh ou um livro sobre o “estilo” realista
– são aqueles que em nada reflectem a produção historiográfica de am-
bas as autoras, que não são representativos do seu trabalho, mas que,
ao mesmo tempo, se enquadram numa história da arte tradicional feita
de nomes e estilos, mais do que de temas e problemas. Num claro con-
traste, uma biblioteca privada, como a Biblioteca de Arte da Fundação
Calouste Gulbenkian, em Lisboa, tem mais de dez livros de cada uma
das historiadoras da arte, ao mesmo tempo que possui vários outros
livros e catálogos recentes sobre arte e feminismo (cerca de 90 livros
ou artigos na entrada “Mulheres artistas” em 2011).
Uma análise da forma como as mulheres artistas portuguesas
são abordadas pela historiografia da arte leva-nos a concluir que,
quer quando se escreve sobre aquelas artistas que já existem histo-
riograficamente, quer quando se investigam casos de artistas desco-
nhecidas, existe uma tendência para não se recorrer a uma perspec-
tiva de género: para nem sequer se referir o facto de a artista sobre
a qual se está a escrever ser uma mulher; ou para o reconhecer, mas
acrescentando uma justificação, ou mesmo quase uma desculpa,
para o fazer – “estou a estudar uma mulher artista, mas não o faço
por ela ser uma mulher, faço-o pela qualidade da sua obra”. Assim,
323.
Linda Nochlin, Realism (Harmondsworth: Penguin, 1971).
324.
Linda Nochlin, Women, Art and Power and Other Essays (Londres: Thames
and Hudson, 1991).
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