247
em segundo lugar, quer em Itália, quer em Espanha, existem inú-
meras traduções de livros considerados já clássicos (da autoria de
Griselda Pollock ou de Linda Nochlin, para citar os mais óbvios);
e, em terceiro lugar, livrarias como a do Museu Reina Sofía, em
Madrid, têm uma secção específica sobre “arte e feminismo”, além de
várias secções dedicadas a estudos de género, nas áreas de história e
ciências sociais. Outro aspecto relevante é que muitas destas autoras
e autores espanhóis e italianos escrevem sobre temas que não estão
relacionados com os seus países. O contraste com as estratégias edi-
toriais da maior parte das nossas editoras, sejam elas pequenas ou
pertencentes a grandes grupos editoriais, é evidente. Para muitas
editoras, as palavras “género”, “feminismo” ou mesmo “mulheres”
ainda remetem para um tema secundário, pouco comercial e ape-
nas de interesse para uma minoria dentro da já minoria académica.
Estes estudos tendem a ficar, assim, circunscritos a colecções especí-
ficas, sobretudo com uma abordagem sociológica ou literária, mais
do que artística ou historiográfica. Ou, então, aparecem nas versões
populares e baratas da Taschen traduzidas para português, em abor-
dagens generalistas feitas de pequenas biografias de uma selecção de
mulheres artistas
322
.
Existe outro aspecto em que as políticas editoriais manifestam re-
servas em relação à produção artística feminina. Recentemente, duas
del Siglo XX
(Santa Cruz de Tenerife: CajaCanarias, 2008), Catálogo de Exposição
(Espacio Cultural CajaCanarias, com a participação de Vieira da Silva e Paula
Rego]; Patrícia Mayayo, “La transición silenciada: arte y políticas feministas en la
España de los Setenta”, Olga Barrios, ed.,
La Mujer en las Artes Visuales y Escénicas.
Transgresión, pluralidad y compromiso social
(Madrid: Editorial
Fundamentos, 2010);
Marián López Fernández Cao,
Mulier Me Fecit. Hacia un análisis feminista del arte
y su educación
(Madrid: horas y HORAS, 2010); Susana Carro Fernández,
Mujeres
de Ojos Rojos. Del arte feminista al arte feminino
(Gijón: Trea, 2010)
Para Itália, ver: Barbara Casavecchia, “Senza nome. La difficile ascesa della
donna artista”, Antonello Negri, ed.,
Arte e Artisti nella Modernità (Milão: Jaca Book,
2000), pp. 83-108; Franca Zoccoli,
Benedetta Cappa Marinetti. L’incantesimo della
luce
(Milão: Selene Edizioni, 2000); Maria Antonieta Trasforini, ed.,
Arte a Parte.
Donne artiste fra margini e centro
(Milão: Franco Angeli, 2000); Emanuela De Cecco
e Gianni Romano, eds.,
Contemporanee. Percorsi e poetiche delle artiste dagli anni
ottanta a oggi
(Milão: Postmediabooks, 2002); Valeria Palumbo,
Prestami il Volto.
Donne oltre il ritratto
(Milão: Selene Edizioni, 2003); Maria Antonieta Trasforini,
ed.,
Donne d’Arte. Storie e generazioni (Roma: Meltemi, 2006); Maria Antonieta
Trasforini,
Nel Segno delle Artiste. Donne, professioni d’arte e modernità (Bolonha:
il Mulino, 2007).
322.
Uta Grosenick, ed.,
Mulheres Artistas nos Séculos XX e XXI, trad. de
Carlos Sousa de Almeida
(Colónia: Taschen, 2003).
Compartilhe com seus amigos: