participação feminina significativa, como é o caso, por exemplo, de
Lygia Clark (1920-1988) durante toda a década de 1960.
Maria Helena Vieira da Silva participou, em 1954, na exposição
L’Arte Astratta da Bienal do mesmo ano, cujo critério nada teve a ver
com escolhas nacionais, mas sim com a comissão organizadora da
Bienal. Só em 1960 é que Portugal voltou a participar com Carlos
Botelho, Fernando Lanhas e Júlio Resende, ausentando-se nas su-
cessivas bienais dessa década. Mais uma vez, apenas Vieira da Silva
apareceu na exposição temática
Arte d’Oggi nei Musei, não como es-
colhida por Portugal, mas como artista internacional. Em 1976, Al-
berto Carneiro é o escolhido por Fernando de Azevedo, e Siza Vieira
também foi incluído, numa exposição temática onde participam 27
arquitectos. Dois anos depois, Fernando Pernes escolhe Ângelo de
Sousa, Noronha da Costa e José Rodrigues. Em 1980, Ângelo de
Sousa volta a estar presente, ao lado de Melo e Castro, Ana Hatherly,
Lopes e Silva, José de Almada Negreiros, António Sena, Maria João
Serrão e João Vieira, numa escolha de Ernesto de Sousa. 1982 é o
ano em que, pela primeira vez, Portugal é representado por apenas
uma mulher – Helena Almeida é escolhida por Ernesto de Sousa. O
mesmo comissário, em 1984, opta por José Barrias. Dois anos de-
pois, José Luís Porfírio faz uma escolha múltipla que recai sobre Pe-
dro Calapez, Pedro Casqueiro, Ilda David, Carlos Nogueira e Xana.
Estranhamente, e quando a presença portuguesa já apresentava al-
guma continuidade, Portugal volta a desaparecer da Bienal. Apenas
o nome de Pedro Proença nos surge em 1988, numa das exposições
temáticas e transnacionais que a Bienal organiza (
Il Luogo degli Ar- tisti. Aperto 88), enquanto Julião Sarmento participa em 1993 (Punti Cardinali dell’Arte e Art Against Aids).
Finalmente, Portugal só reaparece como nação participante
em 1995, quando José de Monterroso Teixeira elege Pedro Cabrita
Reis, Rui Chafes e José Pedro Croft. A partir de 1997, Portugal tem
optado por uma escolha única: nesse ano Alexandre Melo escolhe
Julião Sarmento, Delfim Sardo elege Jorge Molder em 1999, Pedro
Lapa opta por João Penalva em 2001 e, em 2003, João Fernandes e
Vicente Todolí escolhem Pedro Cabrita Reis. Em 2005, depois de
55 anos de participação descontínua portuguesa, pela primeira vez
a representação portuguesa na Bienal de Veneza foi inteiramente fe-
minina: a comissária foi Isabel Carlos, e a única artista escolhida foi