A A RTE S E M H I STÓ R I A
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Fotografia de Aurélia
de Sousa a pintar ao ar livre, sentada junto à irmã,
Sofia
de Sousa, também pintora, Casa-Museu Marta Ortigão Sampaio, Porto.
Cortesia da Câmara Municipal do Porto.
A exposição de arte portuguesa do século XIX, que teve lugar
em Paris em 1988, é um exemplo da historização que foi feita da arte
deste período, entre os muitos que se poderiam referir
290
. Natural-
mente, a possibilidade de expor arte portuguesa no estrangeiro, mas
sobretudo de o fazer na “capital do século XIX”, como escreveu Wal-
ter Benjamin, constituiu-se numa oportunidade para a construção
de uma súmula representativa e subjectiva de uma “arte nacional”.
Numa escolha de 45 nomes, apenas Aurélia de Sousa (1866-1922)
foi considerada digna de integrar o cânone
masculino do século XIX
português, exposto ao olhar do público parisiense (num claro con-
traste com a proporção patente na exposição de 1900, também em
Paris). E mesmo a presença de Aurélia de Sousa na exposição foi
devida a uma “descoberta” recente. Segundo Raquel Henriques da
Silva, foi o “Professor Doutor José-Augusto França que, pela primeira
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Soleil et Ombres. L’art portugais du XIXème siècle (Paris: Paris Musées,
1987), Catálogo de Exposição.