A A RTE S E M H I STÓ R I A
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estudavam as artes, mas também às que as praticavam, começando por
apresentar uma breve genealogia de mulheres pintoras:
Mas se esta científica arte, pela sua beleza e profundidade, tem sido digna
da aplicação de muitos homens da mais alta esfera, não deixa ela também
de ser igualmente própria, ou talvez mais própria ainda, para as Senhoras;
principalmente naqueles casos em que são mais necessárias a graça, e a
delicadeza: assim, têm feito as nações conhecedoras o maior apreço das
obras da Sirani, da Sofonisba, da Rosalba, e de muitas outras, cujos nomes
fazem tanta honra ao belo sexo, como às suas pátrias.
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As suas leitoras eram aquelas senhoras da aristocracia portuguesa
que, numa tradição já consolidada ao longo do século XVIII, se in-
teressavam pelas artes, se entretinham com a música, “uma ou duas
horas cada dia”, com a leitura durante “três ou quatro”, mas que po-
deriam dedicar todo o dia à pintura
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. Ao longo do texto, Volkmar
Machado refere o nome de Elizabeth Vigée-Lebrun e acaba o volume
prometendo a sua continuação futura, assim como “um catálogo das
insignes pintoras portuguesas, e estrangeiras”, algo que nunca che-
gou a publicar. Assim, apesar da abertura demonstrada por Volkmar
Machado à presença das mulheres nas artes, o seu texto reafirmou a
imagem da mulher de uma classe social elevada dedicada às artes como
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