Por outro lado, a vida de Lizzie é apresentada como uma quase colagem aos contos de fadas: era uma vez uma órfã cuja vida ficou devastada pela morte da mãe verdadeira, substituída por uma madrasta comicamente má…. E, quando regressa da Europa, regressa a uma casa que faz lembrar o castelo do Barba Azul: “Em casa, de novo; a casa estreita, todos os quartos fechados à chave, como os do castelo do Barba Azul, e a madrasta branca, gorda, que ninguém ama, parada no centro da teia de aranha, não se mexeu um milímetro enquanto Lizzie esteve fora, mas engordou.
Esta madrasta oprimia-a como um feitiço.”
A madrasta oprime-a como uma maldição, e a viagem à Europa não passa de uma viagem de ida e volta. Todas as notícias do mundo exterior são reduzidas a quadrados para se lhes limpar o rabo.
Carter também revela os sistemas de fé que moldam as realidades históricas: o Cristianismo, (os Borden representam dois dos pecados mortais); a Psicanálise (Lizzie lamenta o lugar que Abby tomou nos afetos do pai); o Marxismo (“Moer a cabeça aos pobres, ora essa.”) e os contos infantis (Jack Spratt, o Castelo do Barba Azul, a madrasta má). A ficção pós-moderna torna a linha entre a ficção e a história muito ténue, sugerindo que os relatos históricos são meras ficções mascaradas.
Compartilhe com seus amigos: |