A Feminilidade e o Aspeto Físico
Angela Carter, ao fazer o retrato de Lizzie Borden retransmitiu uma visão preconceituosa relativamente ao seu aspeto físico, deixando “em paz” outros habitantes da casa. Berni, Christine (1997), “Taking an Axe to History: The Historical Lizzie Borden and the Postmodern Historiography of Angela Carter”. Clio 27,1 29.
A própria polícia não só não interroga Bridget, como acaba por contratá-la para trabalhar em casa de um dos seus agentes, por ser/ter “uma cara bonita” e ser “simpática”, “tímida”. Seria Bridget considerada mais feminina do que Lizzie?
A história que Carter nos conta é, não tanto um reconto dos crimes, mas um comentário acerca dos recontos passados. Em vez de criar um mundo ficcional selado, lembra-nos constantemente o seu papel como produtora do passado. Satiriza a necessidade de uma causalidade histórica descomplicada ao demonstrar os modos como classe e género influenciam a produção histórica. Não se preocupa em fazer um relato dos assassínios, isso já nos foi dado a conhecer pelos jornais da época. O que Angela Carter faz é fornecer-nos o seu comentário acerca destes relatos, recriando, à luz das correntes literárias contemporâneas, a história dos acontecimentos daquele dia. Para Christine Berni, através de um conjunto de estratégias narrativas muitas vezes etiquetadas “pós-modernas”, Carter desafia a escrita histórica e ficcional que disfarça a ideologia através da fidelidade representacional ao real. Para Christine Berni, em “The Fall River Axe Murders”, o que Carter consegue é que a história seja contada como conhecimento e possibilidade e não como uma utopia impossível. (Berni 33).
Compartilhe com seus amigos: |