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se havia comida no fogo
e se o marido lhes dava
do bom e do melhor
choravam porque no céu
além do basculante
o dia se punha
porque uma ânsia
uma dor
uma gastura
era só o que sobrava
dos seus sonhos.
Agora
Ás seis da tarde
As mulheres regressam do trabalho
O dia se impõe
Os filhos crescem
O fogo espera
E elas não podem
Não querem
Chorar na condução.
(Marina Colasanti - Gargantas abertas)
Basculante = um tipo de janela.
Gastura = inquietação nervosa, aflição, mal-estar.
a) O texto faz ver que mudanças históricas ocorridas na
situação de vida das mulheres não alteraram
substancialmente sua condição subjetiva. Concorda com
essa afirmação? Justifique sucintamente.
b) No poema, o emprego dos tempos do imperfeito e do
presente do indicativo deixa claro que apenas um deles é
capaz de indicar ações repetidas, durativas ou habituais.
Concorda com essa afirmação? Justifique sucintamente.
65) (FUVEST-2007)
O anúncio luminoso de um edifício em
frente, acendendo e apagando, dava banhos intermitentes
de sangue na pele de seu braço repousado, e de sua face.
Ela estava sentada junto à janela e havia luar; e nos
intervalos desse banho vermelho ela era toda pálida e
suave.
Na roda havia um homem muito inteligente que falava
muito; havia seu marido, todo bovino; um pintor louro e
nervoso; uma senhora recentemente desquitada, e eu.
Para que recensear a roda que falava de política e de
pintura? Ela não dava atenção a ninguém. Quieta, às vezes
sorrindo quando alguém lhe dirigia a palavra, ela apenas
mirava o próprio braço, atenta à mudança da cor. Senti
que ela fruía nisso um prazer silencioso e longo. “Muito!”,
disse quando alguém lhe perguntou se gostara de um
certo quadro - e disse mais algumas palavras; mas mudou
um pouco a posição do braço e continuou a se mirar,
interessada em si mesma, com um ar sonhador.
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