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antepassados (...).Até pouco tempo atrás ensinava os guris
da aldeia da Lagoa, embaixo de uma cajazeira. Iracema
trocou os livros e as cantigas de meninos para tornar-se
agente de saúde. “O trabalho da índia não é mais diferente
do da mulher branca. Antes, ela ia para a mata, plantava e
fazia artesanato. Agora, algumas vendem frutas e peixes
em Fortaleza e outras ou são professoras ou apenas
domésticas”, explica Iracema.
Da antiga imagem das
mulheres de seios de fora, saia de palha e cocar na cabeça
resta muito pouco. As mulheres indígenas não esperam
mais aquilo que a terra sob os pés tem a oferecer. (...)
Apenas algumas índias conhecem a saga da virgem dos
lábios de mel. “Nós fomos abandonados como a Iracema
do livro. Só que abandonados pelas autoridades. Hoje, a
situação está mudando um pouco porque não
ficamos
mais calados e descobrimos que temos direitos. E estamos
lutando por eles”, enfatiza a Iracema dos Tapebas. (Ana
Naddaf e Marisa A. de Britto Xavier. O POVO. (18/4/1999)
No texto, que constitui um relato, supõe-se que todos os
fatos referidos ocorreram num tempo anterior ao da
enunciação (o momento da produção do relato).
Considerando-se então a perspectiva das autoras, pode-se
dizer que as formas verbais procurávamos, recebera e vêm
indicam, respectivamente,
a) passado remoto, passado recente, passado
intermediário
b) passado intermediário, passado remoto, presente
c) passado remoto, passado intermediário, presente
d) passado intermediário, passado remoto, passado
recente
111) (UECE-2002)
HERANÇA
- Vamos brincar de Brasil?
Mas sou eu quem manda
Quero morar numa casa grande
... Começou desse jeito a nossa história.
Negro fez papel de sombra.
E foram chegando soldados e frades
Trouxeram as leis e os Dez-Mandamentos
Jabuti perguntou:
“- Ora é só isso?”
Depois vieram as mulheres do próximo
Vieram imigrantes com alma a retalho
Brasil subiu até o 10º andar
Litoral riu com os motores
Subúrbio confraternizou com a cidade
Negro coçou piano e fez música
Vira-bosta mudou de vida
Maitacas se instalaram no alto dos galhos
No interior
o Brasil continua desconfiado
A serra morde as carretas
Povo puxa bendito pra vir chuva
Nas estradas vazias
cruzes sem nome marcam casos de morte
As vinganças continuam
Famílias se entredevoram nas tocaias
Há noites de reza e cata-piolho
Nas bandas do cemitério
Cachorro magro sem dono uiva sozinho
De vez em quando
a mula-sem-cabeça sobe a serra
ver o Brasil como vai
Raul Bopp
Considerando-se as formas verbais empregadas no poema,
constata-se que o pretérito perfeito dialoga com o
presente, de modo a permitir a divisão do texto em duas
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