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Introdução
A Portaria nº 1.654, do Ministério da Saúde
(MS)
(BRASIL, 2011B)
, criou o PMAQ-AB e insti-
tuiu, na nova PNAB, amplo processo de mo-
bilização – de trabalhadores, gestores das
três esferas de governo e usuários – para a
implantação de mudanças no processo de
trabalho com impacto no acesso e na quali-
dade dos serviços, articulado a uma avalia-
ção e certificação que vincula repasses de
recursos conforme o desempenho alcançado
na implantação e no desenvolvimento dos
elementos avaliados pelo programa.
O MS afirma que, no contexto do conjun-
to de ações e programas que conformam a
nova PNAB, chamada pelo nome/mote de
‘Saúde Mais Perto de Você’, o PMAQ-AB é a
“principal estratégia indutora de mudanças
nas condições e modos de funcionamento
das Unidas Básicas de Saúde”
(BRASIL, 2011C)
. A
aposta é na produção de uma cultura de aná-
lise, avaliação e intervenção capaz de gerar
capacidade institucional nas equipes e nos
sistemas locais para produzir mudanças nas
práticas dos serviços, de acordo com as ca-
racterísticas esperadas para a Atenção Básica
(AB) e as potencialidades locorregionais.
A amplitude e a ousadia dos objetivos do
PMAQ-AB podem ser percebidas ao lermos
suas diretrizes, expostas na Portaria n° 1.654:
I – construir ‘parâmetro de comparação’ en-
tre as equipes de saúde da Atenção Básica,
considerando-se as diferentes realidades de
saúde;
II – estimular ‘processo contínuo e progres-
sivo de melhoramento’ dos padrões e indica-
dores de ‘acesso e de qualidade’ que envolva
a ‘gestão, o processo de trabalho’ e os ‘resul-
tados alcançados’ pelas equipes de saúde da
Atenção Básica;
III – ‘transparência’ em todas as suas etapas,
permitindo-se o ‘contínuo acompanhamento’ de
suas ações e resultados ‘pela sociedade’;
IV – ‘envolver, mobilizar e responsabilizar os
gestores’ federal, estaduais, do Distrito Fe-
deral e municipais, as equipes de saúde de
Atenção Básica e os usuários num ‘processo
de mudança de cultura de gestão e qualifica-
ção da Atenção Básica’;
V – ‘desenvolver cultura de negociação e con-
tratualização’, que implique na gestão dos
recursos em função dos compromissos e re-
sultados pactuados e alcançados;
VI – ‘estimular a efetiva mudança do modelo
de atenção, o desenvolvimento dos trabalha-
dores e a orientação dos serviços em função
das necessidades e da satisfação dos usuá-
rios’; e
VII – caráter voluntário para a adesão tanto
pelas equipes de saúde da Atenção Básica
quanto pelos gestores municipais, a partir do
pressuposto de que o seu ‘êxito depende da
motivação e proatividade dos atores envolvi-
dos’.
(BRASIL, 2011B)
[GRIFOS DOS AUTORES].
Alguns pontos se destacam ao lerem-se os
objetivos do programa. Em primeiro lugar,
fica explícito que tem como objetivos fina-
lísticos induzir a mudanças tanto no mode-
lo de atenção quanto de gestão, impactar na
situação de saúde da população, promover o
desenvolvimento dos trabalhadores e orien-
tar os serviços em função das necessidades e
satisfação dos usuários.
Outro destaque importante é que o pro-
grama busca fazer isso provocando impor-
tante mobilização dos diversos atores im-
plicados com AB. Como veremos à frente, é
uma estratégia que pressupõe o fomento de
espaços de diálogo, problematização, nego-
ciação e gestão da mudança, entre equipes,
gestores e usuários, que tenham potência de
produzir mudanças concretas na realidade
cotidiana dos serviços. O programa assume,
ainda, compromisso com a transparência do
processo e socialização das informações jus-
tamente na expectativa de fortalecer o uso
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