SAÚDE DEBATE | RIO DE JANEIRO, V. 38, N. ESPECIAL, P. 358-372, OUT 2014
O Programa Nacional de Melhoria do Acesso e da Qualidade da Atenção Básica: várias faces de uma política inovadora
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próxima sessão veremos como a opinião e as
prioridades dos usuários entram em lugar
privilegiado desse processo.
O PMAQ-AB permeando
a PNAB com a opinião dos
sujeitos, em especial, dos
usuários
O PMAQ-AB pode ser visto, também, em seu
papel de elevar a escuta da opinião de traba-
lhadores, gestores e, em especial, usuários à
condição de elemento legítimo na definição
de que rumos dar aos serviços e práticas de
saúde na AB. Com isso, pretende-se ‘calibrar’
desde o trabalho das EqAB até a política em
função daquilo que os usuários esperam e
demandam dos serviços. A avaliação do pro-
grama tenta manter canais de escuta tanto
dos gestores quanto dos trabalhadores e usu-
ários
(BRASIL, 2011C)
.
O número de usuários entrevistados nas
UBS participantes do programa foi de ex-
pressivos 65.391, que responderam a um lon-
go questionário com questões importantes
sobre diversos temas
(BRASIL, 2011E)
.
A maioria das questões do questionário
busca perceber como os usuários acessam e
são cuidados nas UBS, mas também tenta co-
lher desde a avaliação global que fazem do ser-
viço à percepção da ambiência das UBS, num
momento em que o MS faz importantes inves-
timentos na qualificação da estrutura das UBS.
Utilizaremos como exemplo uma questão
que também se relaciona ao tema do acolhi-
mento, tratado acima. Perguntados se ‘na
maioria das vezes que o(a) senhor(a) vem
à unidade de saúde sem ter hora marcada
para resolver qualquer problema, conse-
gue ser escutado(a)?’, 66,5% afirmaram que
sim. Número semelhante ao de EqAB que
demostraram haver retaguarda na agen-
da para acolher os casos agudos. Um bom
exemplo de medida implantada com efeito
percebido pelos usuários.
Quando perguntados sobre o que achavam
da forma como eram acolhidos e recebidos
ao procurar o serviço, 27,2% avaliavam como
muito boa, 56,6% como boa, 14,5% como re-
gular e apenas 1,5% com ruim e muito ruim.
Orientar a estrutura e o funcionamento do
serviço e o processo de trabalho das EqAB em
função das necessidades dos usuários é uma
importante e generosa diretriz estratégica.
O papel do PMAQ-AB na operacionalização
dessa diretriz e no acompanhamento de sua
evolução, relacionando ciclicamente ação
e efeito, é certamente uma das mais impor-
tantes funções que cumpre na nova PNAB.
A base de dados do PMAQ-AB, que reúne os
questionários desses quase 70 mil usuários, é
um dos legados mais ricos do programa, que
demandarão a produção de vários estudos.
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